CASCAVEL

Estão falando pelos “cotovelos” da nova Avenida Carlos Gomes

Foto: Paulo Eduardo/O Paraná
Foto: Paulo Eduardo/O Paraná

Nunca é demais falar que obras e reformas trazem uma série de transtornos até que tudo esta concluído. E, quem acompanha de perto o andamento no dia a dia da obra, está ficando preocupado e levantando questionamento de como ela vai realmente ficar: O que o engenheiro projetou para aquele espaço e com qual objetivo? Entre as muitas obras em andamento em Cascavel, sem dúvida, a revitalização da Avenida Carlos Gomes é que tem recebido mais atenção (e fiscalização) de moradores e comerciantes pelo grande impacto de toda movimentação.

Como via principal de acesso a Região Sul a obra iniciou no dia 18 de setembro do ano passado e tem prazo de 15 meses para ser finalizada, que se encerra em dezembro deste ano. Quem passa todo dia pela avenida percebe uma série de pequenos detalhes que ainda precisam ser concluídos. Pedaços da via que estão sem pavimento, acúmulo de entulhos e calçadas que não seguiram o mesmo fluxo da via, por exemplo. Mas, o que tem dado o que falar são os tais “cotovelos” nas esquinas das ruas que cortam a avenida. São aqueles “cantos” que avançam na via.

O Cidão já avisou

Nesta semana na sessão da Câmara de Vereadores, o vereador Cidão da Telepar (Podemos), usou o Grande Expediente para reclamar dos cotovelos. Para ele, estes “cantos” deveriam ser repensados (retirados do projeto) pelo Poder Público ainda antes da conclusão da obra. Cidão argumenta que, sendo instalados dos dois lados da via, os cotovelos reduziram em pelo menos 4 metros os espaço de para manobras. “A rua passou de 12 para 8 metros de largura, dificultando o tráfego de veículos e abrindo a possibilidade de, por exemplo, um caminhão quando for fazer a curva invadir a pista contrária, indo contra justamente a intenção da obra que é de melhorar o tráfego”. E disse mais: “Que fique registrado nos anais desta casa para não falarem, depois, que eu não corri atrás disso”.

Para a reportagem do Hoje Express o vereador Cidão disse que já teria “alertado” por várias vezes o Poder Público para o problema. Disse que, inclusive, protocolou um requerimento endereçado ao presidente do IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel), Tales Riedi. Entretanto, ainda não obteve uma resposta. Além disso, outra preocupação é com o abrigo dos ônibus que foram instalados próximos da via e que não terá recuo para eles pararem. “Vai ter muito carro colidindo na traseira dos ônibus”, disse ele.

Sem resposta

Ainda na quarta-feira (30), a reportagem do Hoje Express entrou em contato com a Secom (Secretaria Municipal de Comunicação Social) de Cascavel, solicitando informações sobre a decisão de implantar os “cotovelos”. O questionamento tenta entender e explicar aos leitores a intenção destes avanços que estão em todos os cruzamentos. Contudo, até o fechamento fim desta edição na tarde de ontem (31), em nova busca de informações, não houve retorno.

Prejuízos: Sem estacionamento e clientes, comerciantes avaliam deixar a Carlos Gomes

A retirada do estacionamento de grande parte da Avenida Carlos Gomes está trazendo, além de reclamações dos motoristas, outro grave problema: a queda abrupta das vendas no comércio. Quem mais está “sentido na pele” esta situação é do pessoal do famoso “Paraguaizinho da Carlos Gomes”, que perderam espaço nas calçadas, estacionamento e clientes. Passando pelo local é nítida a redução do movimento, mesmo com parte do trabalho já concluído.

Uma das comerciantes que tem a loja ao lado da Carlos Gomes, que preferiu não se identificar, conversou com a reportagem. Ela relatou que há cerca de 6 meses quando a obra chegou naquela região, o movimento caiu. Agora, o impacto negativo beira os 60%. “Já abaixamos os preços dos produtos, mas tivemos muitos prejuízos. Os clientes passam aqui, não acham vaga para estacionar e acabam indo embora”, lamentou, completando que “mesmo a gente tendo estacionamento próprio o acesso ficou muito prejudicado e pensamos em fechar a nossa loja”.

Para ela, vagas de estacionamento são sinônimos de clientes e vendas, reclamando ainda que algumas foram mantidas no lado da Avenida Barão do Cerro Azul. Porém, desta forma as vendas acabam se concentrando do outro lado. “Nessa região temos a Copel e muitas empresas e os próprios funcionários têm dificuldade de estacionar, imagina os clientes”, frisou. Nesta semana, a empresa responsável pela obra iniciou a retirada do paver em frente às lojas deixando a mobilidade ainda mais prejudicada.

Sem estacionamento, comerciantes amargam prejuízos e não têm boas perspectivas para o futuro. Foto: Paulo Eduardo/OPR

Muitas dúvidas e preocupações

Outro comerciante que está há mais de 5 anos no local, disse a intenção do grupo é que depois que a obra estiver pronta, solicitar que seja implantado sistema de estacionamento rotativo na região, mas com tempo menor do que no centro, para conseguir dar fluxo as vagas e tentar minimizar o problema.

Ele se mostrou bastante preocupado com a chegada do “Fim de Ano”, época em que tradicionalmente as vendas ficam mais aquecidas. Porém, com a obra “no pé que está”, todos os comerciantes estão muito apreensivos. Além disso, eles reivindicarão pela instalação de grades cercando as lojas, seguindo o exemplo da Avenida Brasil. Isto para evitar acidentes e atropelamentos, já que com o encurtamento da calçada para aumentar a via, acabou aproximando as lojas e os pedestres na via.

Os comerciantes relataram ao Hoje Express que, mesmo antes da conclusão da obra, a via virou “uma verdadeira pista de corrida”. “Temos receio do que pode acontecer, ficamos cuidando os clientes, principalmente as crianças que vem até aqui com os pais”, finalizou.