Especialistas do setor elétrico criticam a postura do Governo Lula sobre a destinação de recursos de Itaipu que poderiam ser utilizados para reduzir o custo da energia elétrica no Brasil e, também, manter o ritmo de obras na região diretamente impactada pela hidrelétrica. R$ 1,3 bilhão! Este é o valor dos recursos destinados à realização do COP-30, evento que será realizado a mais de três mil quilômetros do Oeste do Paraná, mais especificamente em Belém (PA). O repasse bilionário é praticamente o montante destinado pela Itaipu aos municípios da região durante Governo Bolsonaro.
No entendimento de especialistas, essa postura é um desvio das finalidades iniciais da usina. Foge a qualquer aspecto do acordo bilateral estabelecido entre Brasil e Paraguai, inicialmente concebido para garantir aporte de investimentos na região influenciada pela hidrelétrica.
Em vez de reduzir tarifas, se priorizou os financiamentos de pontes e estradas, aproveitando-se da brecha de não precisar ter a aprovação por parte do Tribunal de Contas da União ou do Congresso.
Outro ponto que é preciso ressaltar. Em 2023, os gastos sócio-ambientais, antes restrito a 54 municípios do Paraná e um do Mato Grosso do Sul, expandiu para os 399 municípios do Paraná e mais 35 sul-matogrossenses.
Nunca se fez tanto pelos municípios do Oeste do Paraná como na época do Governo Bolsonaro à frente da Itaipu. De 2019 a 2022, foram investidos R$ 1,6 bilhão, beneficiando direta e indiretamente mais de um milhão de pessoas da região. A transformação na infraestrutura foi notória. É um cenário totalmente avesso ao observado atualmente no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Por sinal, é importante ressaltar que praticamente todo o recurso aportado pelo Governo Bolsonaro no oeste paranaense, via Itaipu, será dedicado, de uma só vez, pelo Governo Lula, também por intermédio da Itaipu, para um evento que ocorrerá a mais de três mil quilômetros da região, o COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças de Clima), em 2025. A Itaipu, do Governo Lula, vai aplicar em obras de infraestrutura em Belém, capital do Pará, sede da COP 30, a cifra meteórica de R$ 1,3 bilhão.
A Itaipu na era do Governo Bolsonaro garantiu investimentos em aeroportos, hospitais, estradas, praças e ciclovias. Obras dedicadas a garantir a melhoria da qualidade de vida da população. A diretoria brasileira anterior se pautou por uma política de austeridade, dando ênfase à gestão racional e equilibrada do bem público e a justa aplicação de recursos a áreas estratégicas.
Dentro do viés econômico-financeiro, a diretoria anterior realizou a primeira redução tarifária dos últimos 10 anos, reduzindo para 8,2% a conta de luz do consumidor de energia gerada pela usina.
As obras da Itaipu no Governo Bolsonaro
Todo o aporte de recursos durante a gestão da diretoria da Itaipu no Governo Bolsonaro para a região Oeste do Paraná, foi direcionado a obras relevantes e de impacto positivo no dia a dia da população.
Entre as principais obras, destaque para a construção da Ponte da Integração Brasil-Paraguai. Em relação a essa estrutura, no lado brasileiro já está tudo pronto. Para a ponte entrar em funcionamento, agora resta a continuidade das melhorias no lado paraguaio.
Na relação de obras, vale ressaltar a Estrada Boiadeira, a duplicação da Rodovia das Cataratas (BR-469), reformas e ampliações do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, no Hospital Ministro Costa Cavalcanti e no futuro Mercado Público. Outros investimentos foram a revitalização do Gramadão e implementação do programa Vila A Inteligente.
A diretoria anterior da Itaipu adotou Diretrizes para o Aprimoramento da Gestão, com foco na melhoria da relação binacional. Benchmarking com outras empresas do setor elétrico; melhoria do planejamento estratégico; redução de custos; mapeamento de processos para as gestões das fundações responsáveis pelo Hospital Ministro Costa Cavalcanti, Parque Tecnológico de Itaipu e fundo de pensão (Fibra).
A diretoria também lançou uma campanha voltada a incrementar a cultura organizacional baseada em ideias-força: proatividade, meritocracia, gestão racional com austeridade, imagem institucional e binacionalidade. Nesse contexto do aprimoramento da gestão, a binacional adotou o Orçamento de Base Zero (OBZ), deixando de praticar o planejamento orçamentário a partir de exercícios anteriores e passando a planejar cada despesa, como diz o nome, a partir do zero. Com essa metodologia, a margem brasileira concluiu o trabalho de adequação das demandas orçamentárias do próximo quinquênio (2023-2027).
Em 2022, a Itaipu atingiu a marca de 2,9 bilhões de megawatts-hora de produção acumulada, uma conquista sem paralelo no mundo. É tanta energia que seria suficiente para iluminar o planeta por 46 dias. Além da produção singular, a usina teve importante contribuição no enfrentamento à maior crise hídrica que o sistema brasileiro atravessou nos últimos 91 anos, em 2020/2021, que implicou também na mais rigorosa escassez hídrica desde o início da operação da hidrelétrica, em 1984.
Para tanto, a usina priorizou, naquele momento, a maximização da sua produtividade, que teve recordes sucessivos. Nos últimos três anos, essa ação proporcionou um ganho de produção da ordem de 3,5% em cada ano. Isso foi possível graças ao aprimoramento contínuo da gestão de ativos e dos processos de operação e manutenção da usina, o que permitiu otimizar a produção de modo a aproveitar ao máximo a água disponível e os ativos da central. Também foi fundamental a coordenação com os sistemas brasileiro e paraguaio.
Mesmo com a expansão das fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica, Itaipu segue tendo um papel fundamental para os setores elétricos brasileiro e paraguaio, pois além de gerar muita energia, passa também a cumprir o papel de reserva estratégica, ajudando a garantir o fornecimento de energia nos momentos do dia em que a demanda não pode ser atendida por outras fontes (na ausência de vento ou luz do sol, por exemplo), contribuindo assim para a maior segurança energética do Brasil e do Paraguai.
Para assegurar a continuidade dessa importância estratégica, uma das principais ações é o Plano de Atualização Tecnológica (PAT), o maior e mais complexo projeto desde a própria construção da usina. Em março de 2022 foi assinado o primeiro contrato do PAT, com o Consórcio Modernização de Itaipu (CMI), e em maio foi emitida a ordem de início de execução. O projeto completo prevê uma década de serviços, com investimentos de cerca de US$ 1 bilhão.
A barragem da usina hidrelétrica também segue segura. A conclusão é do Board Internacional de Consultores Civis, que voltou a se reunir em 2022. O grupo, criado na época da construção de Itaipu, reúne alguns dos mais experientes profissionais do mundo no tema engenharia de grandes barragens. Após a conclusão do empreendimento, o Board passou a fazer encontros quadrienais para analisar o desempenho das estruturas civis da hidrelétrica binacional.
Todas as ações da empresa se orientam por um criterioso cuidado com o meio ambiente. Em 2021, Itaipu atingiu a marca de 24 milhões de árvores plantadas nas áreas protegidas da margem brasileira. O trabalho ganhou o reconhecimento da Unesco, que declarou os 100 mil hectares de áreas protegidas em ambas as margens como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Em conjunto, as áreas protegidas da binacional sequestram quase 6 milhões de toneladas de carbono por ano (30 vezes mais do que a emissão da usina).
Itaipu também atua na implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que fazem parte da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse trabalho inclui ações voltadas a pescadores, indígenas e agricultores familiares, cuidados com a água e a biodiversidade, enfrentamento das mudanças climáticas, além da própria geração de energia limpa e renovável que é a atividade-fim da usina.
A partir dessas ações, a binacional firmou uma parceria com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU (Undesa), que gerou a Rede Global de Soluções Sustentáveis em Água e Energia, com cerca de 30 organizações de várias partes do mundo. A parceria também possibilitou a realização do primeiro Simpósio Global de Água e Energia, que a Itaipu sediou em junho de 2022.
Essa experiência internacional motivou a escolha da Itaipu para receber, em 2024, a 15ª Reunião Ministerial de Energia Limpa (“Clean Energy Ministerial”, CEM), a 9ª Reunião Ministerial da “Missão Inovação” (“Mission Innovation”, MI) e o Ministerial do G20 Energia, como reconhecimento por sua colaboração em tornar a matriz energética brasileira cada vez mais limpa.
No contexto regional, a empresa reforçou o relacionamento institucional, por meio da Associação dos Municípios do Oeste do Paraná (Amop), o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros, o Conselho de Desenvolvimento de Foz do Iguaçu (Codefoz), a Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (Acifi), o Sindhotéis e o Fundo Iguaçu.
Em quatro anos, foram atendidos, nos 55 municípios de atuação de Itaipu, 209 projetos de associações beneficentes, instituições filantrópicas, Apaes, associações esportivas e demais organizações da sociedade civil. Os projetos possuem objetivos variados, como instalação de painéis solares, pequenas reformas, aquisições de mobiliário, equipamentos, alimentos, utensílios e atendimento a situações emergenciais.
Considerando o perfil turístico de Foz do Iguaçu, foi ampliada a Gestão Integrada do Turismo, apoiando a atração de visitantes com campanhas promocionais, como a “Vem pra Foz!” e o Natal Águas e Luzes, um novo atrativo dentro do portfólio da fronteira. Outro investimento importante é a implantação do Museu de Arte Internacional, em colaboração com o Centro Nacional de Arte e Cultura George Pompidou, de Paris, e o Governo do Estado do Paraná. São iniciativas que impulsionam o turismo e contribuem para movimentar o comércio, incrementar o setor de serviços, gerar emprego e abrir novas oportunidades de negócios.
Com esta ampla gama de ações nas diversas áreas de atuação da Itaipu, o período 2019-2022 foi não apenas da construção de um legado para as futuras gerações, mas de preparação para que a empresa siga cumprindo com seu papel estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil e do Paraguai.