SÃO PAULO – A notícia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se tornou réu pela segunda vez numa ação derivada das investigações da Lava-Jato, a primeira perante a Justiça Federal do Paraná, teve ampla repercussão na imprensa internacional nesta quarta-feira. O juiz Sérgio Moro aceitou nesta terça-feira a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do tríplex do Guarujá e do armazenamento do acervo presidencial, pagos pela OAS. O ex-presidente nega as acusações e, em nota, classificou a denúncia como ?inepta?.
O ?The New York Times? destacou que o fato de Lula se tornar réu ?acrescenta ainda mais turbulência ao cenário político do país? e pode impedir que ele retorne ao cenário político em 2018, embora ainda apareça como um dos principais candidatos na disputa pela presidência. ?Isso também poderia arruinar qualquer esperança do PT de retornar ao poder ou, possivelmente, até sobreviver, segundo especialistas?, diz o jornal. O NYT deu destaque ainda à defesa do ex-presidente, que por videoconferência transmitida num evento em Nova York, classificou a denúncia como?farsa?.
O britânico ?The Guardian? inicia seu texto sobre a denúncia contra o ex-presidente dizendo que ?foi montado o palco para o processo judicial mais politicamente carregado na história do Brasil contemporâneo? e também destaca que a denúncia ocorre em meio a um ?período de intensa agitação política e econômica, que tem sido exacerbado pelos dois anos da operação Lava-Jato e uma conspiração para acabar com 13 anos de governo do PT?, citando ainda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O jornal finaliza o texto falando sobre a tentativa dos deputados de votarem um projeto na Câmara para anistiar os que recorreram ao caixa dois em eleições passadas.
O espanhol ?El País? ressalta que, embora Moro tenha entendido que há indícios suficientes para julgar o ex-presidente, o juiz fez uma ?série de apreciações sobre a denúncia que foi calorosamente discutida no Brasil por não oferecer provas suficientes (e, segundo observadores políticos, pela conveniência política de acusar Lula antes das eleições presidenciais em 2018)?, escreveu o jornal, que destacou ainda o discurso que o ex-presidente fez na quinta-feira passada, um dia após ser denunciado, dizendo que, caso alguém provasse uma corrupção sua iria a pé para ser preso.