Esportes

Sábado é marcado por muitas filas e falhas na segurança nos locais de competição dos Jogos

fila.jpgRIO – O público precisou enfrentar uma série de obstáculos para assistir ao
primeiro dia de competições no Parque Olímpico: devido à demora nas revistas,
feitas pela Força Nacional de Segurança, foram formadas filas quilométricas, e
muita gente acabou entrando atrasada na parte da manhã, principalmente para as
disputas de esgrima, handebol, judô e polo aquático. Diante da confusão
generalizada, e dos protestos das centenas de pessoas que estavam na Avenida
Embaixador Abelardo Bueno, com ingressos em mãos e aflitas por estarem perdendo
provas já em andamento, a Força Nacional acabou liberando a entrada de
espectadores sem verificar cuidadosamente mochilas e outros objetos do público ?
isso é, quando checava. Irritados, muitos torcedores chegaram a pular grades,
entrando sem serem revistados. Além das falhas na segurança, também chamou a
atenção o despreparo de voluntários, que, além de estarem em quantidade
reduzida, nem sempre sabiam dar instruções precisas ou falavam inglês.

O problema das filas foi provocado, segundo uma alta
fonte do Comitê Organizador Rio-2016 revelou a repórteres do GLOBO, porque a
Força Nacional chegou atrasada ao local das provas. O combinado era que o
efetivo que trabalharia nos acessos ao Parque Olímpico deveria estar a postos às
6h, já que os portões abrem às 7h. Só que os policiais só apareceram depois das
8h. Segurança Jogos – 06/08

? Os policiais só apareceram depois das 8h, quando o caos já estava
instalado. Como a equipe era reduzida nas primeiras horas, não foi possível
liberar todos os acessos que estavam previstos para o público ? explicou a
fonte.

A chegada de reforços se mostrou insuficiente. Apenas em
um dos pontos de controle, três aparelhos de raios X e detectores de metal
estavam parados por falta de quem os operasse. Também faltavam voluntários com
megafones para orientar o público, uma prática comum em olimpíadas. Um soldado
da Força Nacional, integrante de um grupo de cerca de cem homens especializado
em atuar em grandes eventos, admitiu que parte dos efetivo estava despreparada
para agir no Parque Olímpico:

? Muitos soldados conheciam o parque apenas por
descrições teóricas. É diferente de verificar in loco como são as
instalações e se preparar para isso ? disse o militar.

À tarde, o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de
Moraes, admitiu que serão necessários ajustes na revista realizada pela Força
Nacional na entrada das arenas esportivas. Segundo ele, a organização dos Jogos
está trabalhando para remanejar voluntários para agilizar as filas. Moraes
reconheceu que houve ?desconforto? para o público.

? Tivemos um problema logo pela manhã (de ontem), exatamente por isso. Tenho
uma reunião com toda equipe que cuida daqui para verificar o que ocorreu em
relação à escala. Houve algum erro, que logo em seguida foi corrigido, mas deu
um desconforto, que não vai voltar a se repetir ? afirmou Moraes.

O ministro disse acreditar que serão necessários mais voluntários que falem
outra língua, principalmente o inglês, porque, em alguns casos, a fila aumentou
porque o voluntário não conseguia explicar ao turista como ela deveria passar
pela revista de raios-X.

? Com estes dois acertos, que dependem do Comitê Organizador, o cenário que
nós teremos será de tranquilidade ? afirmou o ministro, que minimizou as falhas
na revista. ? Diria que, do ponto de vista da segurança, correspondeu às
expectativas. Foi algo absolutamente tranquilo. E do ponto de vista da beleza do
espetáculo, da emoção, superou as expectativas.

O Comitê Organizador Rio-2016 pediu desculpas ao público, explicou que houve
falha na integração com a Força Nacional de Segurança e admitiu que houve uma
decisão de deixar muitas pessoas entrarem sem passar pela revista eletrônica
para amenizar os problemas das filas pela manhã.

? Pedimos desculpas. O problema principal foi organização de sistemas. Temos
agentes da Força Nacional e nossos (de uma empresa contratada). Cada grupo tem
diferentes processos e diferentes pessoas a quem se reportar. O problema foi de
integração ? disse Mário Andrada, diretor de comunicação do comitê.

PROBLEMAS TAMBÉM PARA COMER

Ele contou que, durante a manhã de ontem, a organização esteve diante do
dilema de manter o rigor na segurança ou agilizar as filas. E admitiu que muitas
pessoas entraram sem ser revistadas. Nestes casos, a intuição dos agentes foi o
único obstáculo antes das arenas.

? Não temos uma preocupação tão grande em relação a
bagagens não checadas. O pessoal que trabalha nessa área tem bastante
experiência. Passa sem checagem física, mas as pessoas (agentes) estão
observando. Nessas horas, é uma pequena escolha de Sofia (entre revistar ou
diminuir a fila), mas esta escolha não é ameaça à segurança das pessoas ? disse
Andrada. ? O risco é administrado. Tudo sempre tem um risco. Viver é um
risco.

Durante a tarde, as filas se repetiram, mas não para
entrar. A dificuldade era conseguir atendimento nas praças de alimentação. Na
arena de handebol, por exemplo, o tempo de espera da lanchonete chegava a 80
minutos ? pouco menos que o tempo de duração de uma disputa da modalidade, sem
contar o intervalo. Nas lanchonetes das áreas comuns do Parque Olímpico, dezenas
de pessoas aguardavam sob sol forte. Mas as atendentes tinham pouco o que fazer:
o concessionário instalou 22 pontos de lanchonetes e só três caixas.

As funcionárias do caixa também tinham dificuldades para manusear as
máquinas. No início da tarde, uma delas tentava ensinar a outra como usar uma
máquina de cartão:

? Nosso treinamento foi muito básico, desculpe ? dizia.