Cotidiano

Francisco Turra: Um ano de grandes desafios

Turra afirma que 2016 tem sido um ano particularmente difícil

CuritibaDesde 2014 na presidência da Associação Brasileira de Proteína Animal, o ex-ministro da Agricultura, Francisco Turra, acompanha com especial atenção os desdobramentos da mais aguda crise política e econômica do País. A entidade que congrega mais de 130 empresas e entidades dos vários elos da avicultura e da suinocultura, responsáveis por uma pauta exportadora superior a US$ 10 bilhões, tem um compromisso especial em momento de grande dificuldade: não demitir e, com isso, confiar em dias melhores.

Turra afirma que 2016 tem sido um ano particularmente difícil. “Temos um mercado externo muito bom, mas com recuo do consumo no mercado interno. Para piorar, há a alta abrupta do preço dos insumos, principalmente do milho e farelo de soja, que subiram acima de qualquer expectativa”. Desde janeiro, afirma ele, houve aumento no custo de produção de 31% e sem condições de repassar para o preço final por conta da produção elevada e da existência de estoque. O setor não estava preparado para enfrentar esse desafio. Ainda assim, o desempenho no primeiro semestre, em números, foi bom.

O presidente afirma que houve crescimento de 12% na exportação de carne de aves e de 55% de carne suína. A produção também cresceu para atender o aumento da demanda. Foram quase 300 mil toneladas a mais do que no passado até a metade do ano só de aves. De suínos foram 100 mil toneladas a mais. Diante das dificuldades, e escassez do milho, houve suspensão de algumas atividades, saída que Turra considera normal. “É preciso dar uma freada. Várias empresas anunciaram férias coletivas e redução de turnos para evitar demissões. Nosso setor fez e faz de tudo para continuar com a marca de não demitir. Embora tenha empresas que fecharam. Temos pelo menos quatro casos nos últimos 12 meses, no Paraná e no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso”, afirma Francisco Turra.

O produtor também sofreu muito. É uma comunhão. A cadeia é solidária. Se você não ganha na ponta, também não ganha no meio ou no início. O que nos diferencia no sentido do crescimento é que temos chances, possibilidades incríveis mundo afora, e todos estamos caminhando numa mesma direção. Entretanto, Turra afirma que no fim de 2016 ocorrerá algum alento. “O agudo da crise foi o mês de julho. Em agosto, já temos oferta de milho, preço um pouquinho mais palatável e já se percebe um clima melhor na economia interna. Além disso, o segundo semestre sempre é melhor para o mercado de carnes, tanto no Brasil quanto lá fora”, diz Turra.