SÃO PAULO e ZURIQUE – Os clientes do BSI, banco suíço privado que está sendo comprado pelo EFG International, resgataram 6,3 bilhões de francos suíços (US$ 6,4 bilhões) no segundo trimestre de 2016, segundo o banco brasileiro BTG Pactual, proprietário atual da instituição. Na terça-feira, o BTG informou que teve lucro líquido de R$ 940 milhões nesse período, queda de 8% ante mesma etapa de 2015, com um forte aumento das despesas operacionais. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, o montante recuou 12%.
Os ativos sob gestão do BSI, que tem sede em Lugano, caíram de R$ 295 bilhões no fim de março para R$ 243 bilhões (US$ 77 bilhões), disse o BTG em comunicado sobre o resultado, com data de 9 de agosto. Os ativos caíram 29% desde o fim de 2015, mostra o comunicado.
O BSI foi repreendido por órgãos reguladores na Suíça e em Cingapura, em maio, devido aos inquéritos sobre supostos atos de corrupção no fundo soberano malaio 1MDB. A Autoridade Monetária de Cingapura multou o BSI e cassou a licença do banco na cidade-estado. O BSI reagiu contestando a apreensão de parte de seus lucros pela Suíça e disse que os comunicados do órgão regulador do país prejudicaram severamente sua reputação.
A ação [dos órgãos reguladores] em relação ao 1MDB é a causa mais provável dos resgates no BSI disse James Anderson, fundador da empresa de pesquisa PAM Insight, com sedes em Londres e Genebra. Em uma era em que a marca e a reputação são cada vez mais frágeis, muitos clientes legítimos que cumprem suas obrigações fiscais não gostam de ser associados ao cheiro de improbidade.
Promotores de pelo menos quatro países estão realizando investigações sobre lavagem de dinheiro e fraude internacional em torno do 1Malaysia Development BhD. Uma comissão parlamentar malaia identificou pelo menos US$ 4,2 bilhões em transações irregulares do fundo estatal e recomendou que o conselho consultivo encabeçado pelo primeiro-ministro Najib Razak seja dissolvido. O 1MDB e Najib negaram sistematicamente as irregularidades.
Mais de US$ 3,5 bilhões foram canalizados de forma fraudulenta da Malásia por meio de uma rede de empresas de fachada e uma parte do dinheiro foi operada por diversos bancos internacionais, disseram promotores dos EUA em documentos no mês passado.
O EFG, que tem sede em Zurique, disse que garantiu as indenizações e criou uma conta de garantia com o BTG Pactual relacionada aos problemas legais do BSI na Malásia. O preço de aquisição do BSI está sujeito a ajustes, incluindo mudanças em seu valor contábil e nos fluxos de recursos dos clientes, disse o EFG no mês passado. Uma porta-voz do EFG preferiu não comentar.
O BTG e o proprietário anterior do BSI, o Assicurazioni Generali, divergem quanto às indenizações por possíveis prejuízos ligados às relações do BSI com o fundo malaio. O BTG deterá entre 20% e 30% da entidade combinada.
DESPESAS MAIORES, CRÉDITO REDUZIDO
As despesas operacionais do grupo subiram 55% na comparação com o segundo trimestre de 2015, para R$ 1,578 bilhão. Na comparação com o primeiro trimestre deste ano, contudo, as despesas recuaram 13%.
Os resultados do nosso programa de redução de custos ainda não estão totalmente refletidos no trimestre, pois ainda temos que registrar os custos de rescisão e outros custos relacionados no período”, disse o banco no comunicado.
As receitas totais do grupo somaram R$ 2,595 bilhões entre abril e junho, aumento de 27% sobre um ano antes. Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, porém, houve, recuo de 28%, devido sobretudo a desempenhos mais fracos das áreas de gestão de recursos de terceiros.
A rentabilidade anualizada sobre o patrimônio líquido (Roae), que mede como os bancos remuneram o capital de seus acionistas, caiu 4,9 pontos percentuais, para 16,1%.
No fim de junho, a carteira de empréstimos corporativos do BTG Pactual era de R$ 21,7 bilhões, o que representa uma queda de 47,9% sobre um ano antes e de 15,9% sobre março.
O grupo atribuiu a queda a operações de pré-pagamento e à valorização do real em relação ao dólar.
O BTG Pactual vem tentando superar os efeitos da prisão de seu fundador André Esteves, no final do ano passado, no âmbito das investigações da Operação Lava-Jato, que provocaram forte saída de recursos do grupo.