Esportes

Atletismo assume o protagonismo dos Jogos Olímpicos nesta sexta-feira

BOLTA.jpg RIO – A partir desta sexta-feira, o Engenhão será palco do atletismo, num movimento que tradicionalmente muda o eixo geográfico da Olimpíada ? numa mudança em que apenas os Estados Unidos conseguem sair razoavelmente sem marcas. No sábado acaba a semana olímpica da natação, em que estrelas como Michael Phelps e Katie Ledecky dão suas últimas braçadas ao lado de europeus, japoneses e australianos, e chega a vez dos craques das pistas e do campo, das corridas, dos saltos e dos arremessos, em busca de 141 medalhas, a maioria delas disputadas no estádio do Engenho de Dentro ? as exceções são as maratonas e marchas atléticas.

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Os americanos ainda estarão lá, com Justin Gatlin, Allyson Felix e cia. arrepiando nas provas de velocidades. Mas as companhias mudam nas raias das finais de pista. Nas provas rápidas, cai bastante a presença dos australianos, japoneses e europeus entre os finalistas. A América Central, principalmente suas ilhas, começa a cobrar seus holofotes.

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É a vez de jamaicanos, como Usain Bolt, Yohan Blake e Shelly Ann Fraser-Pryce ? europeus como o francês Jimmy Vicaut e a holandesa Dafne Schippers são quase exceções. No salto com vara, a cubana Yarisley Silva é uma das principais rivais de Fabiana Murer pelo ouro. Se os americanos e jamaicanos têm tudo para dominar nas provas de velocidade, os africanos têm tudo para se destacar nas competições de longa distância.

PROTAGONISMO AFRICANO

Atletismo 12/08A presença de nações africanas subsaarianas evoca uma dominação constante de Etiópia, Quênia e Somália, numa história de frequentes capítulos que começou a se consolidar em Roma-1960, com a vitória do etíope Abebe Bikila na maratona.

Hoje, o legado de Bikila – morto em 1973 – se transformou em em notável supremacia dos africanos negros nas provas de longa distância. Dos 52 recordes mundiais e olímpicos em jogo a partir de hoje nas provas de pista e estrada, que começam a ser disputadas hoje, 14 estão em poder de atletas da Etiópia ou do Quênia. Para se ter uma ideia, dos 80 atletas quenianos que vieram disputar os Jogos do Rio, 47 (59%) estarão nas provas de atletismo.

Sim, haverá nos 5.000m e 10.000m a radiante presença de um britânico campeão olímpico e mundial Mo Farah. Mas nunca será demais lembrar que ele saiu da Somália aos 7 anos, sob o nome de batismo Mohamed Muktar Jama Farah.

Nos 800m, David Rudisha vem para defender seu recorde mundial e olímpico, enquanto o jovem compatriota Alfred Kipketer pode surpreender, assim como fez nas seletivas africanas, deixando o campeão mundial para trás.

Nos bastidores, também estará em ação outro nome gigante para o esporte e fundamental para a cultura africana. A ex-maratonista queniana Tegla Loroupe chefia a delegação de refugiados, que terá seis representantes no atletismo. Em 1994, Tegla foi a primeira mulher negra a vencer uma maratona internacional, em Nova York.

– A gente só está acostumado a ver imagem da África de fome, desastres. Os atletas mostrarão o outro lado – avalia Monica Lima, coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos da UFRJ.

Para Carlus Augustus Jourand, pesquisador de educação do corpo da UFRJ e estudioso das Olimpíadas, a edição do Rio tem sido marcado pela diversidade e o início do atletismo é uma oportunidade para jogar luz sobre a África:

– Esses indivíduos têm uma história por trás deles, é interessante perceber a figura do para além da força e da velocidade. Nos próximos dias, veremos muitas histórias de atletas que tiveram muitas dificuldades para treinar e mesmo assim conseguiram chegar à Olimpíada.