O ministro da Cultura, Marcelo Calero, chegara a seu hotel, em Istambul, momentos antes da tentativa de golpe. Por poucas horas não peguei a confusão nas ruas, contou ao GLOBO. Calero está na Turquia para uma reunião da Unesco em que tenta promover o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, a Patrimônio Mundial da Humanidade. Cansado da viagem, ele foi acordado pelo diretor de Relações Internacionais do ministério, que o informou sobre os acontecimentos. No seu quarto de hotel, perto da ponte que foi fechada por militares, ele aguardava ontem os acontecimentos para saber como proceder nos dias seguintes, enquanto ouvia os voos rasantes dos aviões militares sobre a cidade.
Como está a situação? O senhor percebeu algo anormal mais cedo?
Estou no hotel, em contato direto com o consulado-geral, aguardando os desdobramentos. Cheguei hoje (ontem) mesmo e fui direto para o centro de convenções. A sessão foi normal, e a discussão sobre a Pampulha ficou para amanhã (hoje). Fomos jantar e voltamos caminhando para o hotel. Não havia sinal de que algo estivesse errado. Estava dormindo quando o diretor de Relações Internacionais me acordou. O único sinal que tenho são os voos rasantes.
O senhor recebeu alguma recomendação?
O Itamaraty pediu para permanecermos no hotel.
Como estão as comunicações?
A internet está lenta, mas o telefone funciona, e estou acompanhando os acontecimentos pela TV estrangeira. Há muita informação desencontrada. Vou esperar até amanhã. Somos dez na delegação brasileira, estamos todos bem.
O que pretende fazer?
Vou aguardar. A sessão da Unesco iria até sábado e eu voltaria ao Brasil no domingo. Ainda não sei se a volta será antecipada. Estamos aguardando orientações do governo e do Itamaraty.