BRASÍLIA- O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro, passou a manhã desta terça-feira em Brasília, na expectativa de conseguir formalizar o apoio nacional do PSDB à sua candidatura. A decisão da cúpula tucana, no entanto, é de que não haverá anúncio de uma aliança nacional do PRB com o PSDB, mas um acordo de reciprocidade pontual.
Amanhã, o candidato tucano derrotado na eleição do Rio, Carlos Osório, deve declarar oficialmente apoio a Marcelo Crivella. O acordo de reciprocidade articulado pelo presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), prevê o apoio do PRB e da Igreja Universal a candidatos tucanos que disputam o segundo turno em 19 grandes cidades, sendo 8 capitais.
A ideia de Crivella era conseguir o apoio de Aécio Neves por acreditar que isso poderia ajudá-lo a angariar votos em áreas específicas da cidade, especialmente na Zona Sul. Lá, Carlos Osório teve votação expressiva ? chegando a liderar as zonas eleitorais do Leblon e Ipanema.
Apesar de estar em Brasília e no Senado, Aécio evitou o encontro com Crivella. A interlocutores, o tucano afirma que prefere que o PSDB, institucionalmente, mantenha distância da disputa do Rio para não se vincular nem ao PRB de Crivella, nem ao PSOL de Marcelo Freixo. A cúpula tucana deu sinal verde para que lideranças locais apoiem o candidato do PRB, mas a orientação é de que, se Crivella sair vitorioso, não haja ocupação de cargos por quadros do PSDB.
Há um temor de que tanto o apoio formal do partido, quanto a participação em uma eventual gestão de Crivella na prefeitura possam comprometer ambições futuras do PSDB no âmbito estadual e nacional, em 2018.
Antes de levar um ?bolo? de Aécio, Crivella disse ao GLOBO que o apoio formal do PSDB fortaleceria sua candidatura, mas destacou que ter Carlos Osório ao seu lado já ajudará a aumentar sua votação na Zona Sul. A expectativa de Crivella é que Osório anuncie apoio à sua candidatura nos próximos dias.
? É uma decisão partidária deles que respeito. O apoio do partido institucionalmente fortalece. Mas, não quero dizer que o apoio dos líderes seja menos importante. O Osório deve anunciar apoio nesses próximos dias, o Otávio Leite já anunciou, a Teresa Bergher. Se o partido vier, tudo bem, engrandece. Senão, a campanha vai em frente ? afirmou.
? O apoio do Aécio pode ser útil (na Zona Sul). Mas é bom lembrar que com o candidato dele, o Osório, temos uma força grande. Toda a ajuda é bem-vinda ? pontuou Crivella.
Durante almoço com a bancada tucana nesta terça-feira no gabinete do senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE), Aécio explicou a negociação com Crivella, mas ressaltou que não é uma aliança formal, e que o apoio ao candidato e a reciprocidade do PRB são pontuais. Ele avalia que os votos do PSDB já migraram para Crivella, e vice-versa nos municípios onde o PSDB disputa o segundo turno. A previsão é que essa aliança informal dará um acréscimo de 3% a mais de votos nesses municípios.
O senador esteve em Brasília para tratar de emendas parlamentares direcionadas para ações nos ministérios da Saúde e das Cidades. Crivella aproveitou para criticar seu adversário, Marcelo Freixo (PSOL), e afirmou que o tom dos embates entre os dois deve subir ainda mais nos próximos dias.
? O Freixo deveria rever suas posições. O estado que o Freixo pensa para o Rio, não cabe no Orçamento, vai virar uma Venezuela. É uma revolução bolchevista sem armas, aparelhando o estado, abre brechas para a corrupção. Em vez de defender suas posições, ele tenta me desqualificar. Fica me ligando ao Garotinho, ao Cabral, ao Cunha e a sei lá mais quem. Se ele fizesse como estou fazendo, apresentando propostas, teria uma mais à altura dos esplendores da população do Rio ? disse.