RIO – Prevenida pelo dia anterior, quando se atrasou e quase perdeu a medalha de prata do filho prodígio, Dilma Queiroz chegou cedo à Lagoa Rodrigo de Freitas, ontem, para torcer por Isaquias na busca de seu segundo pódio nesta Olimpíada do Rio. O baiano, de 22 anos, disputava baterias e semifinais da C1 200m, a prova mais curta e mais rápida da canoagem de velocidade – a final, com Isaquias, acontece nesta quinta-feira, às 9h23m.
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Isaquias 17-08Chegar cedo, no caso de dona Dilma, não significou exatamente ver a prova, no sentido literal do verbo. A mãe do atleta permaneceu com os olhos encobertos e com o rosto baixo durante os pouco mais de 40 segundos da bateria classificatória, pela qual Isaquias passou com facilidade, embora frustrado pela segunda colocação, atrás do francês Thomas Simart. Na semifinal, porém, ele pareceu entrar disposto a acalmar os nervos da mãe: não apenas venceu, como cruzou a chegada com o melhor tempo da C1 200m em Olimpíadas: 39s659. Foi o único a remar abaixo de 40 segundos.
RECORDES NÃO COMPUTADOS
A Federação Internacional de Canoagem (ICF) não contabiliza recordes olímpicos, devido às diferentes condições entre locais de competição. Isaquias concordou que o tempo de prova não é fator determinante. Mas vibrou por ter sido o melhor e aumentar a esperança de ouro.
– Acho que venho um pouco mais tranquilo por já ter estreado nos Jogos Olímpicos e já ter ganhado uma medalha. Mas cada prova tem sua dificuldade. Na C1 200m, a largada é muito complicada. Ontem (terça), depois da medalha, eu já voltei para a Lagoa à tarde justamente para treinar essa saída – afirmou Isaquias, mostrando que o peso da prata, embora fique gravado na memória, não foi o suficiente para desacelerar sua canoa:
– A medalha é pesada para caramba, vocês têm que sentir. Mas hoje já está guardada, só esperando a companheira dela chegar.
A semifinal vencida por Isaquias foi tão acirrada que o tcheco Martin Fuksa, embora tenha ficado em quarto e, com isso, fora da final, foi mais rápido que o vencedor da bateria seguinte, o russo Andrey Kraitor. Ao contrário da C1 1000m, em que o alemão Sebastian Brendel chegou hegemônico, a C1 200m apresenta grande alternância de forças. Os últimos três Mundiais tiveram nove medalhistas diferentes, incluindo o próprio Isaquias, bronze em 2015.
Entre os finalistas desta quinta-feira, somente dois já disputaram medalha olímpica: o espanhol Alfonso Benavides, quarto em Londres-2012, e o ucraniano Iurii Cheban, ouro na mesma Olimpíada. Cheban, desta vez, está longe de ser favorito: foi o segundo pior tempo entre os finalistas e no último Mundial, quando enfrentou Isaquias, ficou em sexto. A C1 200m é um livro com páginas em branco. E Isaquias, como afirmou na terça, quer seguir escrevendo a história.