O narrador Rafael Henzel teve sua alta médica nesta segunda-feira, depois do acidente com o avião da LaMia, que levava a Chapecoense para a final da Copa Sul-Americana. Em entrevista coletiva, o locutor afirmou que espera voltar a trabalhar em breve e marcou as datas: pretende estar na rádio Oeste Capital no dia 9 de janeiro e espera narrar o primeiro jogo da Chape na próxima temporada, contra o Joinville, pela Primeira Liga.
– Tenho minha data: dia 9 de janeiro, eu quero voltar a trabalhar. E dia 25 de janeirio, eu quero narrar Joinville x Chapecoense. Não sei como eu vou subir naquelas cadeiras lá, se eu estiver com alguma dificuldade para caminhar, por causa das lesões. Mas não quero saber, dia 25, Joinville x Chapecoense, eu vou estar lá. Eu não vou deixar passar. Eu tenho um dever muito grande com a comunidade de Chapecó, que acreditou. Se eles acreditam, eu vou fazer. Vou para casa, mas vou ficar completamente no tratamento que resta, para eu voltar com tudo e com força, para dia 9 voltar a trabalhar na rádio e, a partir do dia 25, se Deus quiser, acompanhar todos os jogos da Chapecoense – disse o narrador.
Rafael lembrou dos últimos momentos antes do acidente e afirmou que não houve nenhum sinal de que o voo estava com problemas.
– Nós não imaginávamos, o voo foi indo, indo, indo. A gente perguntava para a comissária e ela falava: “Dez minutos, dez minutos”. Por dez minutos, perdemos 71 pessoas. Era o tempo que faltava para pousar no aeroporto (…) Quando eu acordei, eu levei um susto. Porque o avião não caiu, não despressurizou a cabine, não caiu máscara de oxigênio. Ele simplesmente bateu no Cerro. Pelo que eu entendi, fiquei na parte de cima. O resto do avião foi descendo a ribanceira. As buscas começaram lá por baixo. Eu despertei, vi algumas luzes. Eu não tinha noção do que poderia ter acontecido. Eu não via ninguém ao meu redor. O banco estava intacto. De repente, se não tivesse aquelas duas árvores, a gente seria lançado sabe-se lá aonde. Foi um milagre.
Depois da queda, Henzel demorou a entender o que realmente tinha acontecido e lembrou a dificuldade para o resgate.
– Eu acordei e a primeira coisa que eu falei foi: “O que é isso?”. Achei que era um sonho, que alguém ia me acordar, dizer que pousamos. E não era isso. Eu consegui ver as luzes, chamei, não tinha nenhum socorrista próximo. Eles estavam no alto. Os socorristas desceram, me retiraram por trás. Aí foi, eu lembro de tudo, que avisassem a minha esposa. Fui carregado, tinha pedra, árvores, os caras paravam porque era muito pesada. A gente não estava em uma ambulância, era uma caminhonete, senão não passava (…) Foi uma barra. Eu ainda ia pegar um carro. Eu só pensava que estava a 40 quilômetros do hospital ainda.
O texto e a reportagem são do site Globoesporte.com. Para ler a íntegra, clique aqui.