BRASÍLIA – Ex-ministro de Dilma Rousseff, o deputado André Figueiredo (PDT-CE), teve sua candidatura à presidência da Câmara lançada nesta sexta-feira pelo presidente do seu partido, Carlos Lupi. Em nota, Lupi, que também foi ministro de Dilma, conclama as legendas oposicionistas, como PT, PCdoB, PSOL e Rede, além do PSB, a se unirem em torno de uma candidatura do ?campo democrático?.
?É legítimo e necessário que os partidos de oposição ofereçam um nome que represente o campo democrático, hoje formado pelo PT, PCdoB, PSOL e REDE, além do próprio PDT. Do mesmo modo, para além destes partidos, abrimos o diálogo com o PSB e outros parlamentares descontentes com a forma como a Câmara dos Deputados tem sido conduzida. Assim, o PDT apresenta para a disputa à presidência da Casa o deputado cearense André Figueiredo, que foi líder do partido na Câmara, ex-Ministro das Comunicações e atual vice-presidente nacional da legenda?, diz o texto.
Na nota, Lupi critica o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem-RJ), a quem chama de ?subserviente? ao governo Michel Temer.
?A postura subserviente e alinhada da atual presidência da Câmara, comprometida em garantir votação de matérias no afogadilho, como ocorreu no caso da PEC 241, não pode mais encontrar guarida no Congresso Nacional?, afirma Lupi.
André Figueiredo já havia sinalizado que pretendia disputar a Presidência da Câmara há alguns dias e tem mantido conversas com deputados da oposição para tentar uma união em torno de sua candidatura. Nesta quarta-feira, o deputado entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar suspender a eleição marcada para o dia 2 de fevereiro do próximo ano. O mandado, que tem pedido de liminar, pede ainda que o Supremo proíba a Mesa Diretora de aceitar a candidatura de Rodrigo Maia e que, caso a eleição seja realizada e Maia saia vitorioso, que a posse dele seja suspensa até o julgamento da ação.
Apesar de tentar o apoio do PT, principal partido da oposição ao governo Temer, o PDT pode enfrentar dificuldades na empreitada. Isto porque os petistas já vêm negociando com Rodrigo Maia espaço na Mesa Diretora da Câmara. Após ficar a ?pão e água? na gestão de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fora da Mesa e das principais comissões temáticas, o PT tenta um acordo para ocupar alguns destes espaços como contrapartida para um apoio. Pelo tamanho de sua bancada, o partido deseja ocupar a primeira secretaria, responsável pela área administrativa da Casa, uma vez que o PMDB deve optar pela primeira vice-presidência. A reivindicação foi levada a Maia e a Jovair Arantes (PTB-GO), principal nome do ?centrão?, em conversas pessoais. Os petistas avaliam Maia como favorito na disputa e, portanto, com maior condição de cumprir o acordo.
Para fechar a negociação com o atual presidente, o PT terá de deixar sem apoio André Figueiredo. Os petistas mais pragmáticos defendem que é mais importante para a legenda uma composição que lhes assegure espaços de poder na Casa do que uma candidatura oposicionista que seria apenas ?para marcar posição?. O líder eleito da legenda, Carlos Zarattini (SP), disse que somente no dia 17 de janeiro a bancada definirá sua posição. Ele defende a necessidade de se eleger um presidente com capital político suficiente para enfrentar tempestades que passarão pela Casa no próximo ano.