Duda Lisboa, de 18 anos, acaba de trocar São Cristóvão, no Sergipe, pelo Rio. Mais precisamente, pela Barra da Tijuca. Também deixou a mãe, técnica e maior incentivadora, Cida, ex-jogadora de vôlei de praia, para treinar com Letícia Pessoa, ex- da dupla Shelda e Adriana Behar, duas vezes medalha de prata em Olimpíadas, e dos também vice-campeões olímpicos Alison e Emanuel, esse último, seu ídolo. E o principal: ela que é uma das promessas para os Jogos de 2020, mudou a parceria. No lugar de Elize, jogará com Agatha, de 33 anos, prata nos Jogos do Rio, em 2016.
? Assisti uma partida da Olimpíada na arena em Copacabana. Que incrível! Que energia. E ainda por cima, um jogão do Bruno e Alison (foram campeões) nas quartas de final. Olhei aquilo e pensei: ?Quero isso para mim”. Quando a Agatha me ligou propondo a parceria deu um negócio, talvez tenha sentido uma pressão, ela é uma medalhista… Mas passou. Na verdade, o que sinto é ansiedade. Quero treinar logo, já penso em colocar as melhores bolas para ela, e começar a caminhada rumo a Tóquio ? disse Duda, tricampeã mundial sub-19 (o primeiro título obtido aos 15 anos), campeã mundial sub-21, vice campeã mundial sub 23 e ouro nos Jogos Olímpicos da Juventude na China.
O vôlei de praia feminino do Brasil tem, na história, sete medalhas olímpicas. Não deixou de subir ao pódio desde a inclusão da modalidade no programa: Jaqueline e Sandra (ouro em Atlanta-1996), Mônica e Adriana (prata em Atlanta-1996), Adriana Behar e Shelda (prata em Sydney-2000 e Atenas-2004), Mônica e Sandra (bronze em Sydney-2000), Juliana e Larissa (bronze em Londres-2012), além de Agatha e Bárbara (prata no Rio-2016).
BENÇÃO DO CRISTO REDENTOR
Duda, que começou a jogar vôlei de praia aos 9 anos, diz que terá uma psicóloga para ajudar nessas mudanças todas. E brinca que agora, com novo endereço, quer conhecer melhor o Rio e ser abençoada pelo Cristo Redentor.
? Nunca fui nos locais turísticos da cidade. Logo de cara quero ir ao Cristo. Para ser abençoada ? conta Duda, cujo destino não poderia ser outro. ? Ia com minha mãe nas competições. Lembro de um jogo dela, quando eu tinha uns 3 ou 4 anos, e estava na arquibancada. Só tinha eu e o segurança ? fala Duda, ao citar a mãe, que foi destaque no Nordeste e que montou uma escolinha de vôlei de praia.
Além da psicóloga, Duda e Agatha terão comissão técnica recheada, com mais de dez profissionais, incluindo a mãe de Duda como assistente técnica e Renan Ripeel, preparador físico e coordenador, que é o marido de Agatha.
Ele garante que não desconta nos treinos da amada os problemas do casório.
? Não posso! Tenho de separar. É difícil mas já são seis anos trabalhando juntos. Por isso, também tenho psicóloga.
Hoje, Agatha comemora as mudanças forçadas. É que logo após a prata na Olimpíada, sua dupla Bárbara a trocou por Fernanda Berti (ex-Taiana).
? Foi um baque, mas resolvi curti a conquista e deixei para pensar no futuro depois. Escolhi a Duda porque ela tem potencial e lida muito bem com a pressão. Entra na quadra e não se importa com o que acontece fora. Essa frieza, que é ótima, mostra o quanto é madura e preparada para buscar a vaga para Tóquio ? elogia Agahta, também vice-campeã brasileira em 2012/2013 e 2013/2014, vice-campeã do Circuito Mundial 2014 e campeã do Circuito Mundial e da Copa do Mundo, ambos em 2015.
CLUBE COM ESTRUTURA
Agatha comenta que agora, diferentemente do que ocorreu com a ex, a dupla treinará num clube, abrindo mão da praia. Explica que o Marina Barra Clube tem quadra de areia com irrigação automática, estacionamento, restaurante, etc. É que nesse sentido, não quer surpresas.
A dupla estreia na sexta etapa do Circuito Brasileiro, dia 27, em João Pessoa. A temporada promete após várias trocas: Elize (ex-Duda) e Taiana (ex-Juliana), Carol Solberg (jogou provisoriamente com Agatha) e Juliana (estava provisoriamente com Rebecca), Rebecca (ex-Juliana) e Ana Patricia (ex-Ângela). Incluindo no masculino: Pedro Solberg (ex-Evandro) e Guto (estava provisoriamente com Benjamin), Evandro (ex-Pedro) e André Stein (ex-Ricardo).