Cotidiano

Promotoria adota tom duro em julgamento de sobrinhos de Maduro

sobrinos-de-cilia-flores.jpg

NOVA YORK ? Promotoria americana adotou um tom duro no início do julgamento de Franqui e Efraín Flores, sobrinhos da primeira-dama venezuelana, Cilia Flores. Ao fazer sua apresentação inicial diante do júri, na segunda-feira, o promotor Emil Bove, acusou os primos Flores de tentarem usar um hangar presidencial em um aeroporto na Venezuela para traficar 800 kg de cocaína rumo aos EUA. De acordo com Bove, os primos acreditavam ser “poderosos” devido à proximidade familiar com o presidente Nicolás Maduro, que é casado com Cilia.

Venezuela – 08.11

Franqui, de 31 anos, e Efrain, de 30, foram presos em novembro de 2015 no Haiti por autoridades americanas e permanecem na cadeia em Nova York desde então. O plano dos primos, de acordo com a promotoria, era levar o carregamento de cocaína da Venezuela até Honduras, e depois fazê-lo entrar nos EUA. Em gravações realizadas por informantes da Agência Americana Antidrogas (DEA), Efraín dizia que a droga era proveniente das Farc, na Colômbia.

? Acreditavam ser tão poderosos que poderiam transportar quase uma tonelada de cocaína de um aeroporto a outro sem que fossem detidos. Foram pegos com as mãos na massa ? disse Bove ao júri.

Os acusados escutaram em silêncio a apresentação da promotoria, traduzida simultaneamente para o espanhol. Bove afirmou ainda que Efraín aparece, em vídeo, segurando um bloco de cocaína numa reunião com informantes da DEA.

DEFESA: MOTIVAÇÃO POLÍTICA

Os advogados dos Flores, por sua vez, negam as acusações e dizem que o caso ?não passa de uma armação da DEA”. De acordo com John Zach, responsável pela defesa de Efraín Flores, os primos não eram capazes de comandar um esquema criminoso de tamanha magnitude, mas foram pegos em uma ?armadilha? criada pelas autoridades americanas.

Para Zach, há motivações políticas por trás da prisão dos sobrinhos de Maduro.

? Não é segredo que o governo da Venezuela está enfrentando os EUA. Efraín não é o barão da droga que o governo americano tenta vender. Ele e seu primo eram muito estúpidos e inexperientes. Nunca tiveram capacidade de produzir tanta cocaína ? afirmou.

Outro advogado dos primos, Randall Jackson, criticou o agente da DEA que colheu o primeiro depoimento dos venezuelanos, durante o transporte de avião do Haiti para os EUA, por não ter gravado as declarações, limitando-se a anotá-las em um bloco de papel. Os advogados lembraram ainda que os informantes das autoridades americanas, que se passavam por membros do cartel mexicano de Sinaloa, envolveram-se com tráfico de entorpecentes na Venezuela, conforme descoberto em abril. Ambos estão presos.

O julgamento dos primos Efraín e Franqui Flores deve durar cerca de 10 dias. Um júri formado por 16 pessoas decidirá se os venezuelanos são inocentes ou culpados. A pena mínima, neste caso, seria de uma década na cadeia.