BRASÍLIA – O presidente Michel Temer está reunido com diplomatas no Palácio do Planalto para decidir como será o telefonema ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Auxiliares dizem que se Trump cumprir o radicalismo que prometeu na campanha, a relação dos dois países ficará cada vez mais distante,e que Temer continuará focando atenções nos países emergentes.
Temer está com os diplomatas Fred Arruda, assessor para Assuntos Internacionais, e Alexandre Parola, porta-voz do governo. O embaixador dos EUA, Sérgio Amaral, está em contato com eles. Na primeira entrevista que deu após a eleição do magnata republicano, na manhã desta quarta-feira, Temer ressaltou que a diplomacia de Brasil e EUA não muda “nada”.
Na véspera da eleição, nesta terça-feira, auxiliares do presidente diziam que ele só iria se pronunciar após a Justiça Eleitoral estadunidense decretar o vencedor. Isso porque Trump vinha insinuando que poderia não aceitar a vitória de Hillary Clinton, rival democrata derrotada. Em 2000, a eleição entre Al Gore e George W. Bush teve recontagem de votos e um cenário em que Bush ganhou a eleição – por número de delegados nos estados – mas Al Gore teve mais votos de eleitores.
Um assessor, nesta terça-feira, definia a vitória de Hillary como “ruim”, mas a de Trump como “muito ruim”.
– Em 2000 teve essa instabilidade. Então vamos esperar até o fim. Se Hillary ganhar, será ruim, porque ela é mais protecionista, em termos comerciais. Se Trump ganhar, será muito ruim – diz, lembrando que as viagens oficiais e reuniões bilaterais do presidente Temer têm sido com países emergentes, principalmente os Brics. Temer já viajou como presidente para China, Índia, Japão, Argentina e Paraguai.
No Planalto, a avaliação é que o governo deve esperar mais uma vez. Agora pelo comportamento de Trump. Se o tom radical da campanha for cumprido, a relação ficará cada vez mais fraca e prejudicada.