Esportes

CPB faria festa para seu presidente com verba pública

23293248279_0133b4f7f0_o.jpgO Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) planejava uma festa de despedida para o presidente Andrew Parsons, que deixa o cargo em março, após 8 anos, com dinheiro público. O órgão lançou licitação para o Prêmio Paralímpicos, evento que escolhe os melhores atletas do ano em cada modalidade, além do destaque feminino e masculino, e inseriu a homenagem ao cartola, que assumirá a vice-presidência do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).

O evento custaria R$ 900 mil, apenas com os gastos com a empresa contratada, mais do que o dobro do ano passado, quando a festa foi orçada em R$ 470 mil. Mas, após ser questionada pela reportagem de O GLOBO, a entidade admitiu o erro, anulou o processo por ?constatação de inconsistências em seu termo de referência? e explicou que organizará uma solenidade menor, com a equipe interna, e pelo valor de 2015. Balanço de Paralimpíada I

O CPB não informou, no entanto, como pagará a ?nova cerimônia?. Afirmou que ?possivelmente será com uma combinação de recursos públicos e de patrocinadores?.

Porém, o órgão funciona essencialmente com dinheiro público: cerca de 70% do seu orçamento de 2016 será proveniente da Lei Agnelo Piva (até setembro, recebeu R$ 85,6 milhões das loterias federais), cujo objetivo é promover o desenvolvimento do desporto. Além disso, tem parcerias com Loterias Caixa, produto da Caixa Econômica Federal (cerca de R$ 120 milhões em quatro anos), e com a privada Braskem, das Organizações Odebrecht (valor não informado).

De acordo com o texto da licitação, que consta no site da entidade e foi anulada, um dos motivos para a realização da festa no dobro do valor era a despedida de Parsons, além dos Jogos de 2016: ?Outro fato de grande relevância é que ao final deste ano encerra-se mais um ciclo paralímpico, assim como o mandato do atual presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro?. Assim, segundo o termo de convocação, o Prêmio Paralímpicos celebraria ?as grandes conquistas do paradesporto e o encerramento de um grande ciclo. A parte nostálgica fica por conta da saída do atual presidente, detentor de um enorme carisma e extraordinária gestão. Por este motivo, o CPB quer realizar o melhor Prêmio Paralímpicos de sua história.?

Em nota, o CPB explicou que ?planejou realizar a festa Prêmio Paralímpicos num formato maior em tamanho, qualidade e duração do que nas edições passadas por causa da realização dos Jogos Paralímpicos no país?. E que por este motivo, ?o escopo do edital de licitação transferiu para a empresa responsável por organizar o evento uma série de custos e contratações que desde a primeira edição, em 2011, ficavam a cargo do próprio CPB?. A entidade ainda citou alguns exemplos, como a escolha dos mestres de cerimônia, atrações artísticas, profissionais de segurança, etc. Por isso, segundo o CPB, o valor da licitação era maior (R$ 900 mil).

A entidade admite, no entanto, que o evento de 2015, que teve custo final de R$ 1,1 milhão (incluindo os R$ 470 mil da contratada), seria mais barato do que o previsto para 2016, cujo valor não foi estimado.

PROCESSO CONTESTADO

O processo licitatório para o Prêmio Paralímpicos teve problemas desde o início. Na primeira convocação, as empresas Samba Comunicação e a R. Seade Publicidade Integrada estavam aptas e, de acordo com os critérios do CPB, a primeira seria a vencedora. Mas houve contestação por parte da Seade, que alegou conflito de interesses.

No recuso da empresa, entre outros pontos, destacou que José Victor Oliva, embaixador do movimento paralímpico, é o presidente da Holding Clube, grupo que reúne oito empresas de comunicação e marketing, incluindo a Samba. Assim, o CPB chegou a lançar uma segunda licitação, que agora foi anulada.

A festa, em 7 de dezembro, a partir das 18h30m, no Aterro do Flamengo, será para 400 convidados e terá coquetel de boas-vindas e cerimônia de premiação, tendo a duração total de aproximadamente cinco horas.