Cotidiano

Anvisa suspende anticoncepcional Essure: 'risco máximo'

bayer-essure-7x4.jpgRIO ? A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um comunicado
que determina a suspensão do método contraceptivo permamente Essure, registrado
no Brasil pela empresa Commed Produtos Hospitalares e fabricado pelo grupo
alemão Bayer. Segundo o órgão do governo, links contracepção relatórios técnico-científicos e
alertas emitidos pelo departamento de saúde do governo do Canadá mostram que
esse contraceptivo pode provocar sérios danos, como ?alterações no sangramento
menstrual, gravidez indesejada, dor crônica, perfuração e migração do
dispositivo, alergia e sensibilidade?. Por isso, a Anvisa o classificou como de
?risco máximo?. Com a decisão, o produto não pode mais ser importado, vendido,
distribuído, usado ou divulgado em todo o território nacional.

Segundo a Commed, cerca de 6 mil mulheres no Brasil colocaram o Essure desde
2009, quando foi liberado no país. No mundo, a empresa afirma que mais de 800
mil já realizaram o procedimento. Esse tipo de contracepção, que é irreversível,
consiste em um dispositivo de titânio e níquel que é implantado no início da
tuba uterina, expandindo-se ao ser liberado e provocando uma reação na qual as
trompas são completamente obstruídas em 90 dias. Era indicado por médicos como
uma opção mais segura e eficaz do que a laqueadura de trompas.

De acordo com a Anvisa, a partir do momento em que recebeu queixas sobre o
contraceptivo permanente, solicitou à Commed em outubro do ano passado um
relatório completo de um estudo clínico multicêntrico ? com no mínimo três
centros de investigação ? acompanhando cada paciente por pelo menos 12 meses; um
relatório de gerenciamento de risco; e um sobre as medidas efetivadas pelo
fabricante após a emissão do alerta do governo canadense. Foi dado um prazo de
quatro meses para a empresa entregar essa documentação, o que não foi feito. A
Anvisa não deixou claro se houve registro de alguma complicação em pacientes
brasileiras.

A Commed, por sua vez, alega que não recebeu esta notificação oficial. A
empresa afirmou que está ?apurando junto à Anvisa antes de responder à mídia?.
Mas disse que foi ?surpreendida? pela decisão do órgão federal e ressalta que a
?eficácia e segurança do produto [estão] comprovadas por inúmeros estudos nacionais e
internacionais?.

A Bayer destacou, em nota, que o Essure “é uma opção segura para mulheres que desejam adotar um método contraceptivo permanente”.

ESPECIALISTA DIZ QUE RISCOS SÃO PEQUENOS

Pioneira no uso desse método no Brasil, a ginecologista Daniella Depes, encarregada do
Setor de Histeroscopia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, considera
?precipitada? a suspensão.

? Em nenhum outro país o Essure é
proibido. É método cirúrgico, e toda cirurgia tem riscos, mas são muito raros.
Já fiz mais de cem e só tive uma complicação, quando o dispositivo saiu do
lugar. Eu o retirei e coloquei de novo.

No próprio site oficial do produto, um aviso aparece em destaque alertando que algumas usuárias podem apresentar ?eventos adversos? semelhantes aos descritos pela Anvisa. No entanto, segundo a médica Daniella Depes, a Commed já havia enviado aos cirurgiões que fazem o implante do dispositivo uma carta os orientando para que expusessem às mulheres os possíveis riscos que ele oferece.

? Só é preciso informar à mulher sobre os
riscos e, se ela estiver certa de que quer colocar o dispositivo, ela assina um termo. Era esta a orientação, que eu acho razoável. São riscos bem pequenos, mas que existem, portanto a mulher precisa estar ciente. Mas não acho que seja o bastante para impedir o uso do produto ? afirmou Daniella. ? Na maioria das vezes que ocorre algum problema no implante do dispositivo, é por falta de habilidade do cirurgião, e não por um problema inerente ao produto. Por isso, é necessário que ele seja implantado sempre por um histeroscopista, e não por um médico que é apenas ginecologista.