BRASÍLIA – O Ministério Público Federal pediu que a Justiça cancele o acordo que manteve Joesley Mendonça Batista no cargo de presidente do grupo J&F. Segundo o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, ele teria violado o princípio da boa fé e, por isso, teriam de ser restabelecidas as medidas restritivas que foram pedidas acatadas inicialmente pela Justiça no âmbito da Operação Greenfield, que apura crimes contra Fundos de Pensão, FGTS e Caixa Econômica Federal. Joesley também não poderá manter contato com o irmão Wesley, presidente do grupo JBS.
Entre os motivos listados pelo MPF está a descoberta de indícios da prática de atos ilícitos por parte de Joesley e do diretor presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich Filho, para esconder irregularidades cometidas à frente da Eldorado Celulose.
A Eldorado teria contratado apuração independente da Ernest & Young e a Veirano Advogados para, em vez de apurar as irregularidades, legitimar práticas ilegais como o pagamento de R$ 37,4 milhões da Eldorado para as empresas Viscaya e Araguaia, de propriedade do doleiro Lúcio Funaro, que está preso em Brasília a responde a várias investigações.
?A equipe de auditoria contratada pela Eldorado buscou, de todas as formas, trazer uma aparência de transparência e legalidade para as referidas operações financeiras, aduzindo ser impossível inferir uma correlação entre pagamentos realizados pela Eldorado às empresas de Lúcio Funaro e a concessão do financiamento ou quaisquer vantagens em favor da companhia?, afirma um dos trechos do documento.
O procurador pediu a proibição dos investigados manterem qualquer tipo de comunicação entre si e com quaisquer outros investigados das Operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono. Isso faz com que Joesley não possa ter mais contato com o irmão Wesley Batista.
Requereu ainda o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na holding J&F, por meio de comunicação oficial à CVM, a Comissão de Valores Mobiliários. Quer o bloqueio dos bens, ativos, contas bancárias, títulos mobiliários e investimentos pertencentes a Joesley e Grubisich no montante suficiente para recompor em R$ 3,8 bilhões: prejuízo dos Fundos de Pensão, o FGTS e a Caixa Econômica Federal.
Joesley e Grubisich também não deveriam exercer qualquer cargo ou função de direção em empresa ou grupo empresarial da holding J&F. Eles não poderão ? se a Justiça decidir favoravelmente ao pedido do MPF ? ausentarem-se das cidades de seus respectivos domicílios, salvo com prévia autorização judicial. Os passaportes devem ser apreendidos.
O MPF ainda pediu o afastamento cautelar de toda a Diretoria da Eldorado Brasil S.A., até o final da investigação criminal. E quer que a diretoria provisória seja indicada exclusivamente pelos conselheiros representantes da Funcef e Petros no Conselho de Administração da mencionada empresa.