RIO – A alta de 13,52% nas mensalidades dos planos de saúde foi o que mais pesou na inflação do ano passado. Uma despesa que tem papel de destaque nas famílias que concentram mais pessoas de 60 anos ou mais. Por isso, o Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC3i), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ficou mais alto que a inflação média da população no ano passado. Para os idosos, os preços subiram 6,48%, pouco acima dos 6,29% do geral. Esse quadro pode ficar mais favorável este ano, acredita o economista André Furtado Braz, responsável pelo cálculo.
? Com a recessão, muitas empresas demitiram, e a negociação para renovação de planos coletivos empresariais vai ser mais difícil. Se os coletivos vão apertar mais e pagar menos, isso deve se refletir no aumento dos planos individuais. Esses reajustes servem de base para a alta que a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) fixa para os planos individuais, por isso os idosos devem ter repasses menores este ano. É algum alívio depois de dois anos seguidos de altas superiores a 12%.
Outro alívio deve vir das tarifas públicas que também pesam mais no orçamento dos idosos, diz Braz. Como ficam mais em casa, acabam gastando mais luz, água e telefone do que quando estavam na ativa. A inflação de 6,29% de 2016, bem inferior aos 10,67% de 2015, deve ajudar a corroer menos os vencimentos dos idosos.
Alimentação em queda também ajuda. Apesar de pesar menos no orçamento dessas famílias ? 20,55% contra 25,75% na média ? vai subir bem menos que no ano passado. A estimativa é que a inflação desse grupo não passe de 3% contra 9,4% do ano passado.
? Há queda generalizada de preços dos alimentos. As safras estão bem maiores que no ano passado. É uma pressão favorável no orçamento dos idosos ? afirma Braz.
Os produtos farmacêuticos também pesam muito no orçamento das famílias que têm idosos. Quase o dobro que para as famílias em geral: 5,96% contra 3,04%. No ano passado, foi a terceira maior alta a pressionar a inflação. Os preços subiram 12,5%. O reajuste será anunciado em abril, mas os serviços médicos começam a mostrar desaceleração, diz Braz.
? Consulta médica, fisioterapeuta estão subindo menos. Há muito fatores contribuindo para a inflação ficar mais baixa este ano.