ROMA, MILÃO E LONDRES – Funcionários do Deutsche Bank podem ter manipulado índices internos como parte de um suposto esquema fraudulento para ajudar o banco Monte dei Paschi a esconder perdas, de acordo com uma auditoria requisitada por órgãos reguladores alemães, à qual a Bloomberg News teve acesso.
O estudo diz que uma revisão do Deutsche descreveu ?anormalidades? nos valores de índices internos usados para definir o preço do acordo do Monte dei Paschi em dezembro de 2008.
Embora os investigadores do banco não puderam conectar “inequivocamente” isso a manipulação ou ao resultado do acordo, o Deutsche não estabeleceu qualquer parâmetro para monitorar os índices de olho em possíveis manipulações, de acordo com a auditoria.
O relatório interno do Deutsche Bank não havia sido divulgado publicamente. Seus resultados também são citados em documentos jurídicos também vistos pela Bloomberg News.
? O acordo do Paschi é dependente de índices, e então os índices podem ter sido manipulados para serem mais favoráveis ao Deutsche Bank ? afirmou Michael Dempster, fundador do Centro de Pesquisa Financeira da Universidade de Cambridge, que deu consultoria para clientes que processaram bancos em questões relativas a acordos de derivativos. ? É uma parte sutil da estrutura que poderia ser usada em benefício do banco.
As operações com índices também demonstram os níveis de complexidade por trás de um acordo que promotores italianos chamaram de esquema ilícito para mascarar perdas no Monte dei Paschi ? que está lutando para sobreviver oito anos após as malfadadas transações.
O Deutsche Bank e seis gestores e ex-gestores do banco foram indiciados em uma Corte de Milão em outubro sob alegações de terem ajudado a falsificar contas do banco italiano por meio do acordo. O julgamento deve começar no dia 15 deste mês.
Charlie Olivier, um porta-voz do Deutsche Bank em Londres, não quis comentar o caso além de um comunicado de outubro que dizia que o banco tinha a intenção de ?se defender na Justiça?.