BRASÍLIA ? Por 17 votos a 3, o pedido de convocação do ministro peemedebista Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) foi rejeitado na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. O requerimento de autoria do deputado Jorge Solla (PT- BA) pedia a convocação dele com base na acusação do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de que Geddel o pressionou para liberar uma licença do Iphan em prédio em área tombada na capital baiana no qual o ministro tem um apartamento. Para Jorge Solla, Geddel tem que se explicar sobre tráfico de influência em decisão.
Deputados da base aliada compareceram em peso à comissão para defender Geddel e rejeitar a convocação. O próprio líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), foi pessoalmente à comissão e criticou o requerimento apresentado e defendido por deputados do PT. Moura, que não integra a comissão, afirmou que o PT não tem legitimidade para convocar o ministro, disse que as conversas entre Geddel e Calero foram informais e a posição que prevaleceu foi a de Calero, por isso não há como se caracterizar crime de tráfico de influência.
– Qual foi o crime cometido por Geddel que não consigo enxergar? Qual a necessidade de mudar o ministro? O PT trocou 86 ministros, muitos deles envolvidos em corrupção. É responsável pelo maior escândalo de corrupção do país? Acusar o Geddel? O que vamos falar então do Dirceu, do Palocci, do Edinho Silva ? Geddel tem nossa confiança e respeito – disse Moura.
Antes de Moura, outros deputados aliados defenderam o ministro.
– Neste momento tem que prevalecer o bom senso. Se um ministro não puder ligar para um colega para tirar dúvidas, ficaremos reféns na política. Geddel já se explicou, não houve crime. Temos coisas mais importantes para serem feitas , vamos virar essa página – afirmou Cacá Leão (PP-BA).
Autor do requerimento, Solla reagiu:
– Se alguém quer assaltar uma casa é pego com a boca na botija é crime também, mesmo que o crime não se consume. Não deixa de ser crime quando o agente público pressiona outro para mudar procedimento. Ele tentou pressionar para mudar p parecer em busca de favores pessoais.
A comissão também rejeitou, em votação simbólica, o requerimento que convidava o ex-ministro Marcelo Calero para dar explicações sobre o episódio.
– Estão blindando o ministro. Não entendo o comportamento da base aliada de não querer que essa comissão exerça seu papel de fiscalização – criticou a deputada Érika Kokay (PT-DF).
BATE-BOCA
Houve bate boca entre os deputados, o mais forte entre os deputados Wladimir Costa (SD-PA) e o deputado Paulão (PT-AL). Wladimir Costa disse que os deputados petistas não tinham nem moral, nem legitimidade para criticar Geddel e o governo Michel Temer porque o PT fez um governo corrupto. E que a bancada do PT parecia sofrer de “Geddelfobia” e a adotava um discurso de ódio.
– Quem é o PT para vir cobrar moralidade, ética. O PT nada mais é do que uma grande organização criminosa. Quem quer falar com vocês é o juiz Sérgio Moro. Lave a boca para falar do
Seus imundos, irresponsáveis, desqualificados, despreparados – gritou Costa.
O deputado Paulão reagiu, criticou o tom desrespeitoso da fala de Wladimir, comparando com as falas anteriores de outros deputados da base aliada e disse que Wladimir Costa já tinha sido preso:
– Isso é um bandido!
Wladimir Costa retrucou, baixando ainda mais o nível das falas:
– Preso foi tua mãe, seu vagabundo! Só se foi a prostituta da tua mulher !
O presidente da comissão, Léo de Brito (PT-AC), pediu que os colegas parassem com o bate-boca.