Cotidiano

Líderes internacionais celebram Fidel durante cerimônia em Havana

CUBA-CASTRO_-GVO315S2F.1.jpgHAVANA – Com 25 chefes de governo e Estado confirmados, Cuba realiza a cerimônia internacional de despedida do líder Fidel Castro, morto aos 90 anos na última sexta-feira. Com discursos e vigília, o evento é parte da semana de celebrações da vida de Fidel. Segundo o jornal oficial ?Granma?, até a noite de segunda-feira 3,5 milhões de cubanos ? do total de 11 milhões da população total do país ? haviam assinado um documento de condolências, mas o número deve ser muito maior. fidel

A maior parte dos líderes presentes é de governos ligados à esquerda, sobretudo latino-americana, como os presidentes do Equador, Rafael Correa; da Bolívia, Evo Morales; da Venezuela, Nicolás Maduro, e da Nicarágua, Daniel Ortega ? a socialista Michelle Bachelet (Chile), no entanto, não irá a Cuba. Da América Latina, ainda se destacam a presença de Juan Manuel Santos (Colômbia) e Enrique Peña Nieto (México). Brasil e Argentina mandaram seus chanceleres. José Serra e Susana Malcorra. Muitos líderes africanos também estavam em Havana, com destaque para Jacob Zuma, da África do Sul.

O evento começou com uma ovação dos presidente ao presidente Raúl Castro, irmão do líder falecido.

? Cuba seguirá adiante por seus princípios, por seu extraordinário talento humano ? discursou Correa, o primeiro chefe de Estado previsto.

Se a ausência de grandes líderes globais ofuscou a cerimônia ? Barack Obama, Vladimir Putin, François Hollande, e nem Xi Jinping foram ?, também deu mais liberdade para que os presentes aproveitassem o evento para defender suas ideias. Maduro, por exemplo, fez uma grande defesa do regime socialista da ilha ao chegar ontem à capital cubana:

? Seguimos de pé, seguimos juntos, hoje mais que nunca, com Fidel ? declarou o venezuelano.

As homenagens cubanas e mundiais a Fidel Castro

Grande defensor da histórica reaproximação iniciada em 2014 entre os dois inimigos da Guerra Fria, Obama enviou Ben Rhodes, vice-conselheiro de segurança nacional, e Jeffrey DeLaurentis, indicado a embaixador em Havana. O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, também não foi ? desistiu após a grande polêmica causada por seu comunicado de imprensa, que chamava o cubano de ?um grande líder que serviu ao seu povo por mais de meio século?.

Menos pessoas foram à Praça da Revolução, que fechou cedo o acesso ao local onde prestavam homenagens a Fidel. Em vez disso, elas eram direcionadas a um ginásio esportivo nos arredores para assinar o livro de condolências. Ônibus não circularam por Havana ? os veículos foram mobilizados para encontrar a população em diversos pontos da cidade, de ondem partiriam as caravanas para o evento noturno. Para quarta-feira, está programada a saída das cinzas de Fidel da cidade, iniciando sua peregrinação até Santiago de Cuba.

Até sábado, a urna percorrerá os cerca de mil quilômetros que separam Havana da cidade, no Leste da ilha, no sentido inverso ao caminho feito pelo jovem Fidel durante sua Caravana da Liberdade ? mítica viagem pelo país após a derrubada do ditador Fulgêncio Batista, em 1959. Em cima de tanques e outros veículos blindados apreendidos do derrocado Exército de Batista, Fidel ? acompanhado por mil combatentes rebeldes ? demorou sete dias para chegar à capital, saindo de Santiago de Cuba no dia 2 de janeiro. Neste domingo, por fim, suas cinzas serão depositadas no Cemitério de Santa Ifigênia em Santiago, que já abriga o túmulo de José Martí. Será o ?regresso de Fidel?, como conta o ?Granma?.

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