RIO – A rádio MPB FM, que ocupava a frequência 90,3 FM do dial carioca, encerrou suas atividades no primeiro minuto desta quarta-feira. Todos os seus funcionários foram demitidos de supresa, na tarde desta terça-feira, e a programação passou a ser transmitida de forma automática, só com músicas, sem locução.
Fabiane Pereira, apresentadora do “Faro MPB”, está atualmente estudando em Portugal, e voltaria ao Brasil em fevereiro para gravar mais programas. Os planos para 2017, compilados em um “e-mail enorme” enviado na última sexta-feira, no entanto, ficaram para trás.
? Todos sabiam que a Ariane Carvalho (ex-diretora artística da rádio) tinha vendido a segunda metade da rádio para o Grupo Bandeirantes, e que haveria mudanças. Mesmo assim, ninguém imaginava que fossem tomar uma medida tão drástica. Até as 13h de terça-feira, ninguém sabia que a rádio iria acabar de vez ? acrescentou Fabiane, que estava no programa havia seis anos.
A jornalista Valeria Marques, que comandava o “Samba Social Clube”, disse ter ficado “arrasada” ao receber a notícia.
? Cheguei na terça para trabalhar e e não trabalhei. Foi um choque. O fim da MPB FM é ruim para a música, para os artistas e para a cultura brasileira.
O radialista Fernando Mansur, que acaba de completar 50 anos de carreira, apresentava, entre outros programas da emissora, o “Palco MPB”, que já somava 16 anos de história. Experiente, ele já passou por grandes rádios cariocas hoje extintas, como a Rádio Cidade, mas continua a acreditar no potêncial do meio.
? O rádio tem o seu lugar, nada o substitui, ele tem aquela coisa de juntar quem você gosta pra ficar ouvindo. A internet, os podcasts, enfim, todos esses instrumentos agregram e complementam o trabalho do rádio, mas um meio não se sobrepõe ao outro ? afirmou o radialista, que lecionou durante 20 anos na Escola de Comunicação da UFRJ.
A notícia do fim da MPB FM chegou a Mansur por meio de um telefonema do departamento jurídico da empresa. Surpreso, ele diz que se emocionou com as demonstrações de carinho que a emissora tem recebido de artistas e ouvintes nas redes sociais.
? Fiquei muito tocado com a mobilização, não esperava que fosse repercutir dessa maneira. Nós da MPB FM éramos uma família, trabalhávamos com muito amor. O período em que trabalhei com a Ariane foi maravilhoso ? explicou Mansur.
Apesar do encerramento das atividades, a ex-diretora artística da rádio, Ariane Carvalho, declarou que segue como dona da marca e que pretende levar os programas mais bem-sucedidos para outras emissoras. Enquanto as negociações estão em fase preliminar, Fabiane Pereira revela que continuará a alimentar as redes sociais do “Faro MPB” e que, mesmo com os próximos desafios, ainda resta esperança.
? Estou muito triste com tudo isso. Nós, jornalistas, não estamos tendo trégua. Ainda assim, tenho certeza que o “Faro MPB”, o “Palco MPB” e o “Samba Social Clube” irão sobreviver ? afirmou ela.