Com a reforma da Previdência no Congresso, adiando a aposentadoria e diminuindo a renda após o fim da fase de trabalho, a poupança de longo prazo tem que ganhar mais espaço no orçamento das famílias. Tiago Calçada, consultor sênior da Mercer Consultoria de Recursos Humanos, afirma que, ao se poupar 1% do salário, após 30 anos, vai conseguir 5% do salário como renda futura:
? Se poupar R$ 100, vai ter R$ 500 de benefício no futuro, se fizer essa poupança em 30 anos. Se essa reserva for ao longo de 20 anos, os mesmo R$ 100 vão lhe dar R$ 300 na aposentadoria. Se for por dez anos, terá R$ 150. Tem que deixar o juro fazer o trabalho por você.
Portanto, se o trabalhador conseguir poupar 5% do salário por 30 anos, terá R$ 2.500, para complementar a Previdência Pública.
Calçada diz que sempre houve um entendimento que, na aposentadoria, os gastos diminuem, mas as despesas com saúde acabam comendo boa parte da aposentadoria. Planos de saúde e remédios são as despesas mais caras. No ano passado, essas despesas subiram bem mais que a inflação média para consumidor que foi 6,29% em 2016. As mensalidades dos planos de saúde ficaram 13,20% mais caras, e os remédios, 11,33%. Ao contrário do índice médio que ficou menor em relação a 2015, os preços subiram mais no ano passado que em 2015.
? Quando está trabalhando, o plano é subsidiado pelo empresa. Na aposentadoria, até encontrar um plano individual para contratar é difícil.
Com a crise, mais de 1,3 milhão de pessoas deixaram de ter plano de saúde este ano, em comparação a dezembro de 2015. Quase 70% dos que perderam o plano eram beneficiários de contratos empresariais.
O primeiro passo é pesquisar os diversos planos de previdência no mercado, comparando taxas de administração, de carregamento e o rendimento. Os grandes bancos oferecem simuladores para saber quanto poupar para ter determinada renda no futuro. Calçada aconselha a se manter realista para não ter que sacar a reserva para cobrir buracos no orçamento causados:
? Tem que ser realista de quanto realmente consegue poupar. Não adianta estabelecer metas muito ambiciosas.
O trabalhador também pode escolher as aplicações e administrar seus próprios recursos, investindo diretamente nos títulos do Tesouro Nacional ou na Bolsa, mas isso requer algum conhecimento prévio e tempo, alerta o especialista.
A tributação conta a favor dos planos de previdência. Para aqueles que escolhem o Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), o investimento pode ser deduzido do Imposto de Renda, mas somente até 12% da renda tributável. E as alíquotas são regressivas, quanto mais tempo ficar no plano, menor alíquota, que cai de 35% com aplicação em até dois anos para 10% acima de dez anos. Mas, ao resgatar, o imposto recai sobre todo o montante acumulado.