“Alguns que têm a consciência pesada sentem a necessidade secreta de expiar por isso. Eles conseguem fazer com que todos os segredos venham à luz. Trata-se, entretanto, de uma pergunta essencial: Qual é a minha atitude em relação à minha culpa? Quero desfazer-me dela agora ou digo a mim mesmo que quero conservá-la até o fim da vida? Se a conservo, sem dúvida não sou inocente, mas tenho uma força que não teria sem a culpa. Então sou modesto e muito humano” (Bert Hellinger)
Quando cometemos um deslize, um ato que ofende profundamente outra pessoa – como uma infidelidade conjugal, por exemplo -, gera-se em nossa consciência um sentimento de culpa. Internamente começamos a nos questionar: “E agora, o que eu faço? Guardo para mim como um segredo a falta que cometi ou confesso?”.
Sim, existem pessoas que não suportam a culpa e sentem uma necessidade interna de expiar, isto é, de reparar a culpa por meio de uma penitência. A questão é, porém, mais profunda: como eu me posiciono em relação à minha culpa: eu me desfaço dela ou a conservo até o fim da vida?
Obviamente, se me decido por conservar a culpa não me torno, por causa disso, inocente em relação à falta cometida. No entanto, a culpa produz em mim uma força para agir que eu não teria sem ela.
O que esta força interna nascida da culpa me leva a fazer? Ela me leva a um movimento de compensação, de fazer algo de bom com a culpa. Sinto culpa porque tenho uma dívida. Consequentemente, o sentimento de culpa me leva a fazer algo no sentido de “pagar” a conta.
Quando suporto a culpa ela se torna uma força interna que me torna mais modesto e humano. A culpa me torna uma pessoa mais humilde, mais empenhada em melhorar e crescer humanamente.
Isso é algo bem diferente do que aquilo que acontece quando a culpa me leva ao remorso. Neste caso, fico “remoendo” internamente a dor da culpa pelo erro cometido. Com isso fico preso a uma circularidade interna sem saída: não consigo compensar o mal feito e nem superar a dor da culpa.
Pessoas presas a esta circularidade interna costumam decidir-se por confessar a falta cometida. Acontece que a confissão, em geral, não melhora a pessoa, não a torna mais humilde e humana. Bem a contrário, costuma tornar a pessoa arrogante, como se houvesse uma grandeza na decisão de confessar o erro cometido.
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JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são consteladores familiares e terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar
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