Cotidiano

Artigo: Classificação de 'Aquarius' poderia ser menor

Aquarius.jpgRIO ? Classificação indicativa continua a ser um trabalho de seres humanos, na falta de um aplicativo criado por algum centro de ciências cognitivas para mensurar objetivamente o impacto do audiovisual em relação a faixas etárias.

Seres humanos que trabalham para o Ministério da Justiça apontaram ?drogas? e ?sexo explícito? como ?dados da inadequação? que levou ?Aquarius? a receber, em 12 de agosto, classificação indicativa ?não recomendado para menores de 18 anos?. Aquarius 3108

O pedido de reconsideração feito pela distribuidora Vitrine, para que a classificação caísse para 16 anos, foi indeferido em 22 de agosto.

O ser humano que escreve este texto gostaria de informar, sem spoiler, que ?Aquarius? não é exatamente o que os ?dados da inadequação? sugerem.

As ?drogas? que aparecem no filme, em cenas pontuais, são as mesmas cujo aroma sinto caminhando pelo quarteirão de casa, nas noites de sábado, ou mesmo na arquibancada do moderno estádio de futebol onde hoje desfila o meu time, em tardes familiares de domingo.

?Sexo explícito?? Bem, o mercado audiovisual entende que ?explícito? é coisa de pornografia (o espectador vê aquilo tudo) e ?implícito? (mera sugestão; cabe a você imaginar aquilo tudo, se quiser ? ninguém obriga) é coisa do erotismo. ?Aquarius? encontra-se na segunda categoria, também em cenas pontuais.

Pode-se então argumentar que o filme se encaixaria na classificação de 16 anos, aquela para ?histórias com consumo de drogas explícito? e ?insinuação de sexo acentuada?, de acordo com os parâmetros usados pelos seres humanos que trabalham para o Ministério da Justiça.

Essa história bem humana deixou um cheiro estranho no ar, e não é de drogas.

* Sérgio Rizzo é crítico de cinema