BERLIN ? Começou neste domingo a votação no estado alemão de Mecklenburg-Vorpommern, onde pesquisas projetam que o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) consiga um amplo crescimento em meio ao descontentamento como a política de portas abertas para refugiados da chanceler Angela Merkel.
A eleição, que acontece exatamente um ano após a decisão de Merkel de abrir as fronteiras da Alemanha para centenas de milhares de refugiados, será seguida por outra importante votação em Berlin daqui a duas semanas e eleições nacionais em setembro do ano que vem.
Os eleitores já haviam castigado Merkel março, quando houve eleições em três estados, votando maciçamente no AfD e rejeitando os democratas cristãos da chanceler.
Mecklenburg-Vorpommern é um pequeno estado costeiro no Nordeste da Alemanha, com apenas 1,3 milhão de eleitores, mas uma derrota ali seria humilhante para Merkel, que tem no estado seu próprio distrito eleitoral.
Segundo pesquisa divulgada pela emissora ZDF, o AfD, fundado dois anos depois da última eleição no estado, deve conquistar 22% dos votos, o mesmo percentual que a União Democrata Cristã (CDU), de Merkel, que partido minoritário na coalizão que governa Mecklenburg-Vorpommern. O Partido Social Democrata, principal da coalizão, deve ficar com 28% dos votos, contra 35,6% que obteve na eleição estadual de 2011.
O AfD também está se expandindo em âmbito nacional, segundo pesquisa divulgada neste domingo. Se a eleição nacional acontecesse na próxima semana, o partido teria 12% dos votos, o que o consagraria como o terceiro maior na Alemanha. Isso garantiria a ele o ingresso no parlamento alemão pela primeira vez desde sua criação, em 2013.
Merkel, que busca um quarto mandato como chanceler, participou de última hora de um evento de campanha no sábado, em Mecklenburg-Vorpommern, criticando a ?política de angúsita? oferecida pelo violento discurso antirrefugiados do AfD.
? Cada voto conta. Essa eleição trata do futuro do estado ? disse ela.
A chanceler exortou os eleitores a olharem além dos slogans de campanha divisionistas e considerarem as políticas da atual coalizão, que frearam o desemprego e promoveram o turismo no estado costeiro.
Em entrevista ao jornal ?Bild?, Merkel defendeu sua decisão de receber tantos migrantes fugindo de conflitos no Oriente Médio e negou que que isso tenha implicado corte de recursos para os alemães. Os índices de aprovação da chanceler despencaram para 45%, o menor percentual em cinco anos, mas ela afirma que tomaria hoje a mesma decisão em relação aos refugiados.
Correligionário de Merkel, o ministro do Interior, Thomas de Maiziere, rejeitou as críticas do partido aliado União Social Cristã (CSU) de que a política para refugiados foi responsável pela expansão do AfD, opinião compartilhada, segundo pesquisas, por 63% dos alemães.
? Isso é absurdo ? disse ele ao jornal “Welt am Sonntag”. ? A crise dos refugiados não é a razão para partidos populistas de extrema-direita estarem ganhando terreno. Isso tem mais a ver com o medo que algumas pessoas têm em relação à globalização e à modernidade.