Cotidiano

QR Code pode reduzir colapso com as filas na fronteira Brasil/Argentina

Os principais gargalos são a burocracia e o rigor na fiscalização na aduana argentina

Foto: Cabeza News
Foto: Cabeza News

Não é de hoje que as longas filas para a travessia sobre a Ponte Tancredo Neves, em direção a Porto Iguaçu, na Argentina, têm levado os turistas a pensar duas vezes para desfrutar da gastronomia portenha. Os principais gargalos são a burocracia e o rigor na fiscalização na aduana argentina, responsáveis por gerar o congestionamento, principalmente nos fins de semana. A fronteira entre o Brasil e Argentina, em Foz do Iguaçu, costuma atrair um número expressivo de visitantes, que nos últimos tempos preferem optar por outros atrativos em vez de ficar horas na fila aguardando para atravessar e o mesmo tempo para retornar ao país de origem.

Empresários e representantes políticos do outro lado da fronteira também manifestam preocupação com a queda de movimento em virtude do gargalo na aduana. O cenário acaba gerando reflexos nada positivos na economia local e daquela região. Inquieto em busca de uma alternativa célere e viável para acabar ou diminuir as filas na aduana, o deputado da província argentina de Misiones, Rafael Pereyra Pigerl, sugeriu ao governo da Argentina o preenchimento de um pré-cadastro por intermédio da internet e emissão de QR Code.

A declaração foi dada ao portal La Voz de Cataratas. “Tanto Porto Iguaçu como em Posadas ou Bernardo de Irigoyen, a capacidade das aduanas fica sobrecarregada, principalmente nessa época do ano, em virtude do aumento do trânsito vicinal fronteiriço”, disse o deputado.

Os atrativos são variáveis em Porto Iguaçu. A “feirinha”, como é mais conhecida, costuma reunir os turistas atrás das famosas azeitonas recheadas e também do doce de leite, considerado um dos mais saborosos da tríplice fronteira. Os vinhos de qualidade e as carnes servidas nos restaurantes são outros destaques da cidade vizinha de Foz do Iguaçu.

 

Controle migratório

O pedido também gira em torno de um controle migratório unificado. É importante ressaltar que na fronteira entre Argentina e Uruguai, agentes dos dois países trabalham em cabines próximas. O deputado também defende o uso de aplicações tecnológicas, como totens de autoatendimento e novamente, o uso de QR Codes. “É preciso agilizar esses trâmites, pois os reflexos são sentidos em nossa cidade, na família, comércio e turismo em geral”. Ele lembra que nenhuma cidade está distante mais de 50 ou 60 quilômetros da fronteira com o Brasil ou com o Paraguai.

A cobrança de providências será feita de maneira imediata, já na primeira sessão ordinária da Câmara dos Deputados de Misiones, por intermédio do envio de um documento endereçado ao ministro do Interior, Eduardo de Pedro e para Florencia Carignano, da Direção Nacional de Migrações.

 

Prejuízos

Levantamento recente aponta para perdas estimadas em R$ US$ 374 milhões ou convertendo para a moeda brasileira, R$ 1,9 bilhão ao ano, provocado pela demora no acesso até Porto Iguaçu por consequência das filas intermináveis. Os cálculos são da Ahgai (Associação da Hotelaria, Gastronomia e Afins e Iguazú).

Outro braço da pesquisa, desta feita encomendada pela Câmara de Comércio de Porto Iguaçu, mostra de 46% dos entrevistados, já desistiram de atravessar a fronteira entre Brasil e Argentina em função do longo período de espera, podendo chegar a mais de duas horas. Por setor, o volume de faturamento e suas respectivas perdas são: Alimentos e bebidas: US$ 120 milhões (R$ 607 milhões); Gastronomia: US$ 105 milhões (531,6 milhões); Turismo: US$ 60 milhões (R$ 303,8 milhões); Hotelaria: US$ 20 milhões (R$ 101,2 milhões) e demais setores: US$ 69 milhões (R$ 349,3 milhões).

Desatar esse nó no trânsito é hoje um dos principais desafios a ser encarado pelos empresários argentinos. A luta inclusive atinge a esfera federal em Buenos Aires, diante da falta de incentivo na criação de um corredor turístico e até mesmo, a mudança da aduana argentina para outro lugar.

O governo argentino alega a necessidade de ser mantido o rigor na fiscalização, amparado pelo argumento de garantir a segurança nacional. Esse “pente fino” impede a saída ou até mesmo a entrada de foragidos na Justiça e é a forma de dificultar o contrabando em direção aos países vizinhos, restringindo a entrada de produtos ilegais no território argentino.

 

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