Cascavel – A gripe ou influenza aviária ainda é o assunto principal nas rodas de conversas dos avicultores paranaenses e em especial do Oeste do Paraná. Muitas autoridades têm torcido o nariz ao se deparar com o questionamento por parte da mídia. Presidente de uma das entidades máximas da avicultura estadual, o Sindiavipar e também presidente da Cooperativa Agroindustrial Lar, Irineo da Costa Rodrigues, concedeu entrevista para o Jornal o Paraná e deu a sua versão sobre o assunto que vem ganhando corpo a partir do registro dos primeiros casos da doença na América do Sul.
“Na verdade, a gripe aviária está presente em todo o mundo. Estados Unidos, Europa, em países super evoluídos, com uma preocupação e um trabalho de prevenção robusto em relação à sanidade. A influenza está lá há vários anos. A América do Sul era a única parte do continente que até então não possuía registros e agora, passou a conviver com a influenza”, comenta Rodrigues. Os casos ocorreram na Costa do Pacífico, começando no Peru e depois evoluindo para o Equador, Colômbia, Venezuela e, por fim, na Bolívia.
As aves migratórias são os principais vetores da doença. O ponto a ser considerado, conforme o presidente do Sindiavipar, é que o ciclo delas na região Sul está encerrando e elas estão retornando para o seu habitat. “De repente – e essa é a torcida -, elas vão embora e a doença fique restrita apenas à região costeira do Pacifico. Esperamos que seja assim. Hoje, podemos dizer que Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina estão isentos. Não vou dizer que estamos blindados, mas estamos realizando um trabalho intenso, preventivo, para que a influenza aviária não chegue até nós”, descreve.
Para Rodrigues, nos países onde há registro da gripe aviária há anos, a produção continua e não há conhecimento de problemas causados nos seres humanos. “Eles continuam exportando. É vida que segue”. Segundo ele, é muito arriscado falar sobre hipóteses de chegar ao Brasil. “Temos dado uma lição para o mundo em sanidade. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, juntamente com a Seab e Adapar fazem um belíssimo trabalho para evitar o surgimento da doença em nosso território”. A esperança é de que as aves migratórias deixem o quanto antes o País, reduzindo de maneira significativa os riscos de contaminação das aves domésticas ou comerciais.
Ações preventivas
O vírus da gripe aviária tem se espalhado por diversos países desde o ano passado, como França e Estados Unidos. No fim de 2022, os primeiros casos da doença foram confirmados em países da América do Sul. Apesar de estar livre, por ora da influenza H5N1, autoridades locais têm promovido ações de modo preventivo. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento lançou campanha de conscientização contra a disseminação do vírus.
O secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, pedirá para o governo federal o status de unidade autônoma em relação à doença ao estado ou para toda a região Sul. “Estamos crescendo, abrindo novos mercados, fortalecendo posições e, portanto, precisamos evoluir até mesmo para uma decisão técnica política com Executivo de constituir ou o Paraná o Sul do país, onde está 70% da avicultura nacional, uma unidade autônoma, isolada do resto do Brasil. Se, por exemplo, o vírus ingressar no Amazonas, derruba o nosso status perante o mundo”, disse Ortigara.
Mesmo que não tenham sido identificados casos da doença no Brasil, a situação requer atenção do governo estadual e dos agentes privados, dada a proximidade do Paraná com países com focos da doença, embora o Brasil siga livre de gripe aviária, na ótica do secretário estadual da Agricultura.
Foto: EBC