Cotidiano

“Armadilhas fotográficas” furtadas prejudicam censo de onças-pintadas no PNI

“Armadilhas fotográficas”  furtadas prejudicam censo de onças-pintadas no PNI

Foz do Iguaçu – Além de causar sérios danos à fauna e a flora, agora, caçadores do PNI (Parque Nacional do Iguaçu) passaram a depredar patrimônios importantes do Projeto Onças do Iguaçu, necessários para o sucesso do trabalho envolvendo o censo das onças existentes naquele bioma. Os equipamentos foram instalados há cerca de um mês com o objetivo de monitorar o comportamento dos animais e garantir dados para o censo das onças-pintadas.

“O censo chega à sua metade e em uma das visitas a campo, nesta semana, nos deparamos com essa cena lastimável. Cabos de aço cortados e as armadilhas fotográficas furtadas”, descreve a coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu, Yara Barros, em entrevista ao Jornal O Paraná. “Não é fácil obter recursos para adquirir esses equipamentos. O prejuízo material chega a R$ 5 mil”. O mais complicado, segundo ela, é a dificuldade agora de saber se há ou não onças naquela região onde as armadilhas fotográficas tinham sido implantadas.

E essa não é a primeira vez que isso acontece. Em 2020, nada menos que 14 armadilhas fotográficas foram furtadas do projeto. De acordo com Yara Barros, além do material, o maior prejuízo é com relação aos dados que constavam nos equipamentos, valiosos para agregar no censo para contagem das onças-pintadas existentes no Parque Nacional do Iguaçu. Entre as hipóteses levantadas, consta que os caçadores furtaram os equipamentos para evitar serem reconhecidos nas imagens que os flagraram dentro do Parque Nacional do Iguaçu.

O projeto Onças do Iguaçu realiza o censo a cada dois anos. Utilizando como base informações divulgadas em 2020, se estima a presença de 24 onças no lado brasileiro do parque. No censo anterior, esse número era maior, 28 no total. Em todo o corredor de biodiversidade, calcula-se a presença de 75 a 106 desses felinos. Todas essas informações são coletadas por pesquisadores brasileiros e argentinos desde 2009. Em 12 anos, o número de onças-pintadas na reserva praticamente dobrou, conforme o estudo.

Por intermédio de pontos de monitoramento entre os dois países envolvidos na pesquisa, já foram coletadas 693 mil imagens e flagrantes das onças-pintadas em meio à densa floresta do parque. Denúncias de venda destes equipamentos podem ser feitas por intermédio do número de telefone (45) 3529-9045.

 

Foto: Projeto Onças do Iguaçu