Esportes

Brasil chega a 43 medalhas e já iguala desempenho de Londres-2012

Ao ver que sua adversária Sophie Walloe, da Dinamarca, jogou a bola para fora no último ponto que definiu o placar de 3 sets a 0 na disputa pelo bronze na classe 10 (andantes) do tênis de mesa, a catarinense Bruna Alexandre não se conteve de alegria e jogou a raquete para cima na comemoração de sua primeira medalha paralímpica. No momento da vitória de Bruna, às quase 19h de ontem, o Brasil alcançava uma marca significativa: chegava ao seu 43º pódio no Rio-2016, igualando o número de medalhas conquistadas em Londres-2012, sendo que ainda restam cinco dias para o fim do megaevento carioca. E faltam apenas quatro pódios para chegar ao total da melhor campanha do país, as 47 de Pequim-2008.

Nascida em Criciúma, Bruna, que está com 21 anos, teve uma trombose provocada por uma injeção mal aplicada e teve de amputar o braço direito quando tinha apenas seis meses de vida. Através do incentivo da família, ela começou no tênis de mesa aos 12. E, até 2009, disputava torneios convencionais. Até o bronze de ontem, seu principal resultado esportivo havia sido bronze no individual e por equipes no Mundial da modalidade da China, em 2014.

Conteúdo de uma matéria só: quadro de medalhas

? Bati na trave em Londres-2012 (foi quinto lugar). Esses últimos quatro anos foram muito bons para mim. Consegui evoluir muito. Agora, falta melhorar o físico, emagrecer um pouco mais. Mas acho que já foi um grande ponto melhorar a cabeça. Estar focada do início ao fim fez total diferença na partida ? disse Bruna, que é dona de um saque pontentíssimo, quase sempre visando forçar o erro da adversária.

MAIOR DELEGAÇÃO E AUSÊNCIA DA RÚSSIA

Assim como Bruna, o Brasil também busca evolução. O melhor posicionamento do país em uma Paralimpíada foi o sétimo lugar em Londres-2012, com 21 ouros, 14 pratas e oito bronzes. Antes, em Pequim-2008, o país havia ficado em nono, com 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes. Para o Rio-2016, a delegação brasileira busca um ousado top-5. Para isso, tem dois trunfos importantes: o país tem a maior delegação de sua história paralímpica (278 atletas) e a Rússia, que foi top-2 em Londres-2012, está suspensa pelo Comitê Paralímpico Internacional devido ao escândalo de doping no país.

Com uma delegação grande, o Brasil conseguiu feitos inéditos, como a medalha de prata do baiano Evânio da Silva conquistada ontem, o primeiro pódio do país no halterofilismo. Em contrapartida, dois dos principais rostos do movimento paralímpico já apresentaram um desempenho aquém do esperado: os velocistas Terezinha Guilhermina e Alan Fonteles.

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O Comitê Paralímpico Brasileiro entidade apostava muitas fichas em Terezinha Guilhermina, que na noite de ontem queimou a final dos 200m T11 (deficiente visual) e perdeu a chance de buscar o tricampeonato paralímpico da prova, que é sua especialidade. Hoje, às 18h49m, ela ainda corre o revezamento 4x100m da T11-13, mas a falta de medalha nos 100m e 200m não estava dentro do planejamento. Na final dos 100m da T11, ela foi desqualificada por ser puxada pelo seu guia perto da linha de chegada.

? O que aconteceu sexta-feira, nos 100m, eu já dei descarga. É passado. Não interferiu no meu desempenho hoje (ontem). Eu fiz tudo certinho, me aqueci, mas queimei a largada. Eu nunca queimei a largada em 16 anos de carreira. Esta foi a primeira vez e, infelizmente, foi na minha casa ? disse ela, lamentando o ocorrido. ? Sei que teve gente que veio aqui só para me ver. Peço desculpas. Achei até que seria vaiada, mas a torcida me aplaudiu muito. Fiquei feliz com esse reconhecimento.

As medalhas do Brasil na Paralimpíada

Terezinha não perdia uma prova de 200m em Mundial ou Jogos desde 2006. Mas essa história começou a mudar no ano passado, quando a chinesa Cuiqing Liu, que fez 24s75, ficou com o ouro e a brasileira com a prata. Ontem, no Engenhão, a chinesa com seu guia Donglin Xu ficou em segundo lugar com 24s85. E sua compatriota Guohua Zhou (com o guia Dengpu Jia) ficou na terceira colocação com 24s99.

A grande campeã foi a britânica Libby Clegg (guia Chris CLarke), que competia no T12, mas foi reclassificada e vem sendo a protagonista da categoria. Ela venceu, ontem, com 24s51 e superou o recorde paralímpico de 24s82, que Terezinha havia estabelecido em Londres-2012. Na disputa dos 100m, Terezinha havia questionado duramente a maneira como o guia levava Libby (sempre à frente da atleta) ao dizer que ?se soubesse que iria competir contra homens, teria treinado de uma maneira diferente”.

Outra decepção foi Alan Fonteles, que, visivelmente fora de forma, não lembra nem de perto o atleta que bateu Oscar Pistorius nos 200m T44 em Londres-2012. No Rio-2016, o velocista nem sequer conseguiu chegar às finais dos 100m e 200m. E obteve sua única medalha, uma prata no revezamento 4x100m anteontem graças ao bom desempenho de Yohansson Nascimento e Petrúcio Ferreira e à desqualificação do time americano, que cruzou a linha de chegada em primeiro, mas errou em uma das transições. Apesar da decepção dos torcedores, o CPB não contava com bom desempenho dele.