PF perdeu a operação do Vant, que não decola mais, e sofreu cortes de diárias e combustível
Foz do Iguaçu – Primeiro foi o Vant (Veículo Aéreo não Tripulado) que deixou de operar na região da fronteira por falta de recursos para manutenção, compra de combustível e até pagamento de diárias doas agentes que faziam a operacionalidade da aeronave que fica em São Miguel do Iguaçu; depois foi a suspensão da emissão dos passaportes por falta de dinheiro. Agora, a crise na Polícia Federal é evidenciada com novo corte: o monitoramento das estradas da região da fronteira feito por câmeras foi interrompido. Ele é essencial para fornecer dados e informações estratégicas para a PF.
O sistema Sinivem continua em operação apenas pela Polícia Rodoviária Federal. E não se sabe por quanto tempo. Além de identificar manobras perigosas, irregularidades no trânsito, o sistema ajudava a PF a identificar o transporte de produtos traficados, contrabandos e aqueles que são fruto do descaminho.
Segundo o apurado pela reportagem, a PF perdeu o suporte do Sinivem porque o convênio foi interrompido por falta de pagamento. Os motivos para isso vão além da simples crise financeira: “A gente entende que é uma forma de o governo estrangular a Polícia Federal para que paremos de trabalhar, de investigar, Acreditamos, inclusive, que são represálias para se atingir, entre outras investigações, a Lava Jato”, denuncia um agente que já participou da operação, e que, por receio de represálias, pediu para não ser identificado.
O que é o Sinivem?
O Sinivem é uma tecnologia que gera informações para o Projeto Fronteiras. Ele é composto por hardwares e softwares integrados que trabalham em conjunto para atender os requisitos estabelecidos pelos projetos que o sistema se aplica.
O sistema já tem mais de dez anos em operação em pontos de captura de dados espalhados por algumas regiões do País, a exemplo da fronteira no oeste do Paraná, operando em diferentes configurações físicas e climáticas e capacidade de operação dia e noite (full time).
Sem dinheiro para as missões
Além da histórica falta de recursos humanos, os cortes estruturais e financeiros impostos à Polícia Federal afetam diretamente o combate a crimes como tráfico de armas, munições e drogas, com o consequente avanço da criminalidade.
Agora, a PF sofre mais uma “baixa” perigosa para seu trabalho. As verbas pagas para diárias e missões de agentes que trabalham com investigações foram diminuídas ao extremo. Denúncia apurada pelo jornal O Paraná revela que essas verbas foram praticamente extintas, impedindo investigações importantes na região de fronteira. “Muitas vezes ficamos nas delegacias sem saber o que fazer porque não tem combustível para sair, não tem diária para viajar e investigar e assim as missões ficam suspensas e, consequentemente, o combate ao crime reduz, assim como as prisões”, explica outro agente.
O jornal O Paraná procurou a direção-geral da PF em Brasília para que se posicionasse sobre os impactos dos cortes, mas não houve retorno. O mesmo ocorreu com o Projeto Fronteiras, que administra o Sinivem.