Ação conjunta da PF e RF desarticulou organização criminosa transnacional
Foz do Iguaçu – A Polícia Federal e a Receita Federal, em ação conjunta, deflagraram na manhã de ontem a Operação Hammer-on, com o propósito de desarticular uma organização criminosa transnacional especializada na prática de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, envolvendo principalmente negócios escusos entre o Paraguai e o Brasil.
Uma coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu deu detalhes de como funcionava o esquema criminoso, envolvendo casas de câmbio, doleiros, traficantes, contrabandistas, entre outros. Participaram da coletiva o delegado da PF em Foz, Fabiano Bordignon, o delegado da Receita em Foz, Rafael Rodrigues Dolzan, além de agentes e auditores envolvidos na operação.
Cerca de 300 policiais federais e 45 servidores da Receita Federal cumpriram 153 ordens judiciais expedidas pela 13ª Vara Federal de Curitiba, sendo dois mandados de prisão preventiva, 17 mandados de prisão temporária, 53 mandados de condução coercitiva e 82 mandados de busca e apreensão em várias cidades do Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Santa Catarina.
No Paraná foram cumpridos mandados em Foz do Iguaçu, Curitiba, Almirante Tamandaré, Piraquara, São José dos Pinhais, Assis Chateaubriand e Renascença. Ao todo, 19 pessoas foram presas em flagrante e mais de R$ 400 mil foram apreendidos em casas de câmbio de Foz do Iguaçu.
Investigação
As investigações, iniciadas em 2015, tiveram como foco um grupo criminoso composto de cinco núcleos interdependentes que utilizavam contas bancárias de várias empresas, em geral fantasmas, para receber vultosos valores de pessoas físicas e jurídicas interessadas em adquirir mercadorias, drogas e cigarros provenientes do exterior, especialmente do Paraguai.
O dinheiro “sujo” era creditado nas contas das empresas controladas pela organização criminosa e, em seguida, enviado para o exterior de duas maneiras: usando-se o sistema internacional de compensação paralelo, sem registro nos órgãos oficiais, mais conhecido como operações dólar-cabo; ou por intermédio de ordens de pagamento internacionais emitidas por algumas instituições financeiras brasileiras, duas destas já liquidadas pelo Banco Central. Essas ordens de pagamento eram realizadas com base em contratos de câmbio manifestamente fraudulentos, celebrados com empresas “fantasmas” que nem sequer possuíam habilitação para operar no comércio exterior. As empresas controladas pela organização criminosa investigada movimentaram mais de R$ 5,7 bilhões de origem ilícita no período de 2012 a 2016.
Nome
A operação, batizada de Hammer-on, é um desdobramento das operações Sustenido e Bemol, deflagradas pela Polícia Federal e pela Receita Federal de Foz do Iguaçu, respectivamente, em 2014 e 2015.
As organizações criminosas desarticuladas em decorrência das operações Sustenido e Bemol, estabelecidas em Foz do Iguaçu, intermediavam as negociações entre criminosos brasileiros e paraguaios, sendo responsáveis por garantir o pagamento de fornecedores paraguaios de drogas, cigarros e mercadorias, bem como simplesmente ocultar dinheiro de origem criminosa.
Os brasileiros que contrataram a organização criminosa para pagar os fornecedores paraguaios, bem como para ocultar dinheiro de origem criminosa, também foram alvos de investigação. Mais de 1.800 contas bancárias foram devassadas. Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão temerária, operação irregular de instituição financeira e uso de documento falso.