Cascavel – Cidades de todo o Brasil sofreram duros impactos na mobilidade urbana com a pandemia do covid-19. Medidas para frear o avanço da pandemia, como os decretos de restrições de atividades e isolamento social, resultaram em significativas mudanças de hábitos da população.
Todo setor de transportes públicos foi duramente afetado. Além da forte queda no número de passageiros, o prolongamento da pandemia colocou a saúde financeira das empresas que prestam o serviço sob ameaça, obrigando elas a assumir o custo de operar no vermelho para cumprir os contratos.
Em Cascavel os números de utilizações do transporte coletivo caíram drasticamente neste período. Em 2019, no ano pré-pandemia, a Transitar (Autarquia Municipal de Mobilidade, Trânsito e Cidadania) registrou entre janeiro e agosto 13.611.016 milhões de utilizações no transporte urbano do Município, entre pagantes e não pagantes.
Já em 2020, primeiro ano da pandemia, o número foi 118% menor, de janeiro a agosto foram registrados 6.232.601 milhões de utilização. Ainda vale lembrar que em março de 2020 a tarifa praticada pelas empresas sofreu um reajuste, saindo de R$ 3,90 para os atuais R$ 4,10.
A retomada econômica e a volta das atividades presenciais geraram uma expectativa de melhora no setor, contudo, os números ainda mostram que as utilizações desde janeiro deste ano até agosto, é 5,70% menor que a utilização no mesmo período do ano passado, sendo 5.894.655 milhões de utilizações.
De acordo com a presidente da Transitar, Simoni Soares, o setor já vinha sofrendo com quedas pontuais, contudo, a pandemia devastou ainda mais esses números. “O transporte coletivo vem sofrendo com quedas pontuais de ano para ano. Antes da pandemia chegamos a ter a média de 76 mil passageiros por dia no transporte coletivo de Cascavel. Durante a pandemia tivemos períodos de 800 passageiros por dia”.
Apesar da queda nos números de usuários, o sistema permaneceu mobilizado e rodando com os mesmos custos, segundo Simoni. Contudo, as empresas do setor deixarem de serem autossustentáveis e hoje quem mantém o sistema é o Poder Público. De acordo com Simoni, o valor subsidiado hoje pelo Município as empresas é de aproximadamente R$ 1 milhão.
“Até o período anterior a pandemia a receita da tarifa remunerava o serviço, essa era a realidade até a pandemia. Como veio o coronavírus, caíram os números de passageiros. O que aconteceu é que o sistema deixou de ser autossustentável e o Município precisa aportar recursos para bancar o serviço. Para isso, o Município excluiu do cálculo a serem repassadas as empresas o lucro e manteve apenas o custo da operação. As empresas hoje são remuneradas apenas com o custo da operação. Se não fosse assim, o valor da tarifa precisaria ser muito maior para manter”, explica.
Para tentar diminuir esses custos foi necessário diminuir algumas linhas de ônibus que não eram sustentáveis. “A divisão de transporte faz um levantamento de passageiros dessas linhas para regular a quantidade. A gente precisou reduzir as linhas, pois o custo da linha retorna ao Poder Público.”
Encerramento das concessões
A concessão da Empresa Pioneira encerra dia 31 de dezembro de 2021 e o contrato com a Empresa Capital no dia 6 de fevereiro de 2022. Como os prazos estão se aproximando, a Transitar contratou a Fepese (Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos) para prestar serviços de assessoria e de consultoria à Autarquia para avaliar o equilíbrio econômico-financeiro dos atuais contratos, que depois de duas décadas estão chegando ao fim.
A fundação terá prazo de 90 dias para levantar informações relacionadas ao cumprimento contratual por parte do Município e também das concessionárias e apresentar um estudo.
“O contrato é antigo, foi palco de muitas discussões, teve aditivo, teve mudança na forma de remuneração, discussões como saída de cobradores. Então a gente optou por contratar os serviços da Fepese para fazer um enceramento de contrato com lisura. Queremos encerar esse contrato sem nenhuma dúvida, sem discussão posterior com as concessionárias”, avalia.