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Dono da Valor: desvio para caixa 2 a Beto Richa

Delator diz que encontro para discutir caixa dois reuniu governador, presidente da Alep e diretor da Seed; acordo espera homologação do STF

Curitiba – Mais um capítulo da Operação Quadro Negro coloca em definitivo o governador do Paraná, Beto Richa, no cerne das investigações de um dos maiores escândalos de desvio de dinheiro público estadual já descobertos. Agora, seu nome é citado pelo próprio dono da construtora acusada de desviar quase R$ 20 milhões da Seed (Secretaria de Educação) do Paraná, Eduardo Lopes de Souza, da Valor. Além de Beto, Souza inclui em sua delação o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano, também do PSDB, que já havia sido citado por uma ex-funcionária da empresa. A reportagem é da RPC, produzida pelos jornalistas Diego Ribeiro, José Vianna e Rodolfo May.

Conforme a RPC, o dono da Construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmou aos procuradores do MPF (Ministério Público Federal) que o então diretor da Seed Maurício Fanini participou de uma reunião na casa do governador Beto Richa 45 dias antes da eleição de 2014 para discutir caixa dois. O encontro teve ainda a presença de Ademar Traiano (PSDB).

Fraudes em licitações

Eduardo Souza é investigado por fraudes em licitações na construção de escolas do Estado do Paraná que podem chegar a R$ 20 milhões. O esquema foi desvendado pela Operação Quadro Negro, do MP-PR (Ministério Público do Paraná). O escândalo deixou inacabadas seis escolas estaduais que atenderiam mais de R$ 6 mil alunos em todo o Estado.

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O empresário é um dos denunciados no principal processo derivado da Quadro Negro e foi preso na primeira fase da operação, ficando um ano e meio na cadeia. Ele estava em prisão domiciliar até o mês passado, quando foi liberado pela Justiça para se mudar para Cuiabá, no Mato Grosso.

Eduardo fechou acordo de delação com a Procuradoria-Geral da República. A delação foi encaminhada para homologação do STF (Supremo Tribunal Federal).

Como foi a reunião

Em sua delação, o dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, afirmou que, nessa suposta reunião, ficou acertado que ele também deveria ajudar na campanha do deputado Ademar Traiano à reeleição. Contudo, Eduardo contou que não estava no encontro e se comprometeu a dar R$ 100 mil para o caixa dois, revela a reportagem. Ele levou o dinheiro em uma mala no gabinete da liderança do governo na Alep.

Ainda conforme as informações de Eduardo, ao abrir a mala e ver que tinha dinheiro, Traiano perguntou: “Não pode me dar mais?” Mas Eduardo disse que o dinheiro já estava comprometido para a campanha do governador. Ele disse ainda que fez outras entregas no valor de R$ 100 mil para Traiano, entre dezembro de 2014 e abril de 2015. Duas delas foram dentro da Alep e uma na casa do deputado.

Em nota, o governador Beto Richa, que está fora do País, classificou as declarações do delator como “afirmações mentirosas de um criminoso que busca amenizar a sua pena”. Leia a íntegra da nota na página ao lado.

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