O cirurgião vascular Jeferson Freitas Toregeani garante que há espaço para hobbies na medicina. E reforça: é muito importante que o médico tenha uma válvula de escape para oferecer o melhor aos seus pacientes.
Formado pela UFPR em 2000, chegou a Cascavel em dezembro de 2002. Foi intenso: plantões no pronto-socorro do Hospital Policlínica, sobreaviso da cirurgia vascular nos hospitais São Lucas, Salete, Policlínica, Santa Catarina e HUOP, além do trabalho no consultório e as aulas na Unioeste.
A medida que os casos foram aparecendo e a complexidade aumentando, ocorreu algo natural a alguém que se expõe demasiadamente ao trabalho: estresse e ansiedade.
Longe da família em uma cidade que na época oferecia poucas opções de lazer, havia uma necessidade urgente: algo para aliviar um pouco as tensões produzidas pelo trabalho.
O primeiro contato com pessoas “diferentes” ocorreu no Clube de Aeromodelismo de Cascavel (CAC). Foram quase 2 anos frequentando um ambiente agradável, onde a amizade e a diversão predominavam. Construir e cuidar de um aeromodelo foi uma forma interessante de seguir em frente. Um hobby desvia o pensamento ruim para um novo objetivo. Embora um aeromodelo seja visto por muitos como brinquedo, por outros se trata de uma modalidade esportiva, com competições e premiações. Saudade de grandes amigos, em especial o maior defensor do CAC, César Gongoleski.
Passados alguns anos, uma influência familiar me levou ao segundo hobby: o motociclismo. Após comprar uma Honda Shadow, passei a frequentar um ambiente nunca visitado: os grupos e os encontros de motociclistas, em especial os lendários On The Road, que ocorriam periodicamente em Cascavel.
A moto trouxe novos amigos e, apesar de atender quase que diariamente algum acidentado, foi algo extremamente saudável do ponto de vista psicológico. Customizar uma moto e posteriormente passear por alguns modelos diferentes foi um hobby legal que segui firme até o nascimento dos filhos. As novas responsabilidades familiares fizeram com que as motos fossem para outros donos. As boas lembranças seguem até hoje.
Uma atividade que quase deixou de ser hobby por um tempo, passando a virar compromisso, foi a música. Tive vínculo com a música desde a infância, mas, após conhecer alguns amigos de profissão que tinham os mesmos interesses, montamos a Banda Pacemakers, no fim de 2004. O “auge da carreira” ocorreu entre 2009 e 2010, quando a banda se apresentava regularmente em bares da região de Cascavel, em especial o Hooligans Pub. A banda teve altos e baixos, mas há quase sete anos mantém a formação e seus ensaios relativamente regulares e, sempre que possível, nos apresentamos para amigos e alunos, com um velho e bom rock.
Outros hobbies vieram na sequência. O quarto hobby foi o mais saudável e tenho tendado manter: o ciclismo. Iniciei em 2007 com um grupo de médicos atletas, tendo como principal representante o Dr. Sergio Spricido. Ainda faço parte do grupo “Amigos da Bike”, embora não tão assíduo como antigamente, afinal, quando saio pedalar, tento levar a família toda, e os pequenos nem sempre encaram as trilhas mais longas.
O ciclismo, na verdade, nem se enquadra em hobby, mas como uma obrigação para se manter saudável. Concomitante ao ciclismo, o futebol na Associação Médica vem desde 2005, incentivado sempre pelo professor Walter, coordenador das atividades na AMC.
Para finalizar a lista, o antigomobilismo. Passei a fazer parte do grupo Avac (Associação de Veículos antigos de Cascavel). A paixão por antigos e por carros “exóticos” foi um bom substituto para as motos. Nesse caso, posso levar a família toda aos eventos e carro velho sempre tem o que consertar, ou seja, “diversão”garantida!
Hoje mantenho muito ativos a banda, o futebol, o ciclismo e o antigomobilismo. Deixei os plantões, mas ganhei mais responsabilidades familiares e muitos, muitos pacientes e alunos para cuidar, afinal, ministro aulas em dois cursos de Medicina, ligas acadêmicas, congressos além dos frequentes convites para produzir capítulos de livros na área médica.
Muitas pessoas me perguntam: como consegue dar conta?
Às vezes nem eu sei. Saber organizar os horários sempre foi um mérito em minha carreira, assim, sempre consegui conciliar a família, o trabalho e o tempo que posso gastar com os hobbies, que foram fundamentais para me manter firme diante dos desafios.
Concluindo, tenha sempre um hobby em sua vida! Mantenha-se saudável fisicamente e, principalmente, emocionalmente! São os conselhos que posso dar…
Dr. Jeferson Freitas Toregeani – CRM 17767-PR