Opinião

Rejeitar os sogros é rejeitar o cônjuge

Nas postagens anteriores, já tratamos sobre tomar os pais como condição de êxito da relação de casal

Rejeitar os sogros é rejeitar o cônjuge

Nas postagens anteriores, já tratamos sobre tomar os pais como condição de êxito da relação de casal. Aqui, vamos retomar essas ideias brevemente associando-as à necessidade de cada parceiro tomar, respectivamente, aos seus sogros.

Tem uma passagem muito precisa de Hellinger sobre a questão que pode nos ajudar a situar os termos corretos do problema: “Faz algum tempo tive uma compreensão muito profunda, uma compreensão abismal, por assim dizer. E diz assim: um filho é seus pais. Quando meu parceiro rejeita a um de meus pais, rejeita a mim. Quando não respeita a meus pais ou os menospreza, rejeita a mim. Além de o filho ser seus pais, também aporta algo próprio. Cada filho tem algo especial, algo adicional, por assim dizer” (Hellinger, B. Lograr el amor en la pareja, p.23-24).

Aquilo que Hellinger designa na passagem citada de “compreensão abismal” é retomado por ele na sua última obra: “Uma vez que os filhos recebem a vida de seus pais, não podem acrescentar nada a ela, nem podem excluir ou repelir algo dela. Com efeito, eles não apenas têm seus pais, como também são seus pais” (Hellinger, B. Mein Leben. Mein Werk – Ariston eBook).

As palavras de Hellinger nos mostram que, quando os filhos rejeitam os pais, na verdade rejeitam a si próprios na medida em que eles são seus pais!

Desta maneira, tomar os pais é, acima de tudo, tomar a si mesmo! Com isso, ele nos faz compreender algo muito profundo: quando um cônjuge rejeita a um ou a ambos os pais do outro, no fim das contas, está rejeitando ao próprio cônjuge.

Em outras palavras, não é possível amar o parceiro e rejeitar os pais dele. Unicamente porque existem esses sogros (e não quaisquer outros) que me é possível tomar essa pessoa determinada como meu parceiro. A dimensão contraditória desse comportamento pode ser expressa por uma metáfora: como posso condenar a macieira e apreciar a maçã que ela produziu?

Assim, quando um cônjuge diz: “Minha família está bem, mas a de meu parceiro está mal”, faz algo muito grave, segundo Hellinger. Com efeito, explica ele, “uma frase assim é veneno para a relação de casal. Aquele que casa com seu parceiro precisa casar-se também com a família do outro. Isso significa que deve respeitar e amar a família de seu companheiro do modo como ama a seu próprio companheiro. Unicamente dessa maneira este amor pode ter êxito” (Hellinger, B. Lograr el amor en la pareja, p.24).

Não poucas vezes, o casal atribui seus problemas de relacionamento como se tudo fosse consequência das ações dos sogros. Estes, muitas vezes, não passam de bode expiatório perfeito para justificar os desajustes do casal. Machuca profundamente o cônjuge quando rejeitamos os pais dele. Quem age dessa maneira, inconscientemente afasta seu parceiro cada vez para mais longe dele. A rejeição dos sogros tem um efeito tão problemático na relação de casal quanto a rejeição dos próprios pais.

Não é preciso amá-los, mas promove o amor do casal se estivermos de acordo com eles tais como são. E é benéfico em situações de conflito dar-se conta de que só é possível tomar seu cônjuge porque existem esses sogros. É a eles que devemos nosso parceiro e a mais ninguém.


JOSÉ LUIZ AMES E ROSANA MARCELINO são terapeutas sistêmicos e conduzem a Amparar.

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