Saúde

Hospital de Retaguarda dobra a capacidade, mas segue lotado

Ventiladores reforçam estrutura, que funciona com aparelhos emprestados

Hospital de Retaguarda dobra a capacidade, mas segue lotado

Em menos de 15 dias, o Hospital de Retaguarda de Cascavel ampliou em 114% o número de UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) para atender os pacientes com covid-19.

Segundo o diretor-geral Lísias Tomé, a unidade funciona atualmente com 16 leitos a mais do que possuía no dia 28 de fevereiro. “Inicialmente, eram 14 [UTIs], aumentamos para 20 e depois para 30 em situação de urgência, mesmo assim, permanecemos lotados”, conta o médico. “Os 30 leitos que temos de UTI estão ocupados com pacientes intubados”.

Dos 28 leitos de enfermaria, 19 estavam sendo usados ontem. “Não temos vagas para pacientes graves que precisam de UTI. Para enfermaria ainda temos, mas são apenas nove leitos”, acrescenta.

Esta semana, o hospital recebeu novos respiradores, mas esses equipamentos não significam aumento de leitos nem na ampliação da capacidade de atendimento. Dos 15 respiradores que chegaram do Ministério da Saúde no fim de semana a Cascavel, cinco foram destinados para o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná) e dez ficaram à disposição do Município. Desses, cinco serão direcionados de acordo com a necessidade das unidades e os outros cinco já estão sendo usados no Hospital de Retaguarda.

Lísias explica que esses equipamentos ajudaram a substituir aparelhos que estavam sendo usados. “Tínhamos 20 ventiladores hospitalares próprios para os leitos de UTIs e dez ventiladores de transporte que emprestamos das ambulâncias do Consamu, mas que não suportam muito tempo o uso contínuo. Pegamos então esses cinco recebidos do Município esta semana e devolvemos os de transporte para as ambulâncias. É necessário, ainda, a troca de mais cinco respiradores de transporte por respiradores hospitalares e, para isso, estamos buscando alternativas viáveis”, explica o diretor-geral.

Equipes

Apesar da superlotação constante, da necessidade de adaptação dos equipamentos e de precisar reformular a estrutura física com a criação de duas novas alas, segundo a diretora de Enfermagem Jéssica Adriane da Zielinski, o número de profissionais que atuam no Hospital de Retaguarda não aumentou. “Continuamos com o total de 217 funcionários, incluindo médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal de apoio. Novos profissionais foram convocados e 14 estão em processo de contratação”, informou a diretora.

O diretor-geral Lísias Tomé afirma que o atendimento aos pacientes internados não deixa de ser feito. “Hoje, o que o Hospital de Retaguarda precisa é de mais pessoal. Estamos atendendo os 30 leitos de UTI, mais a enfermaria, sem faltar equipamentos e com muita dedicação. A situação atual, com certeza, não é a ideal, mas estamos conseguindo dar conta com muito sacrifício”, comenta Lísias.

Projeto-piloto com pontos de oxigênio pode desafogar o sistema hospitalar

 

O projeto-piloto da Secretaria de Saúde de Cascavel prevê a implantação de pontos de oxigênio para pacientes com covid-19. Imediatamente, serão instalados dez pontos no Caps 3 com equipe médica de apoio 24 horas. “Importante ressaltar que ninguém pode procurar atendimento no local. Não é pronto-atendimento nem internamento. Isso é para evitar que o doente tenha o caso agravado e precise de um leito de enfermaria ou UTI”, explica o secretário de Saúde, Miroslau Bailak.

O secretário informa que, se o projeto der certo, será ampliado para as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e as USFs (Unidade de Saúde da Família) e, assim, desafogar o sistema hospitalar e as UPAs, que hoje estão superlotados.

Os pacientes serão encaminhados para os pontos de oxigênio somente pelas equipes de saúde que vão fazer a identificação dos pacientes que precisam do suporte, mas ainda não de leito. Em caso de agravamento, o doente é conduzido para o hospital.

“Não temos nenhum leito sequer na cidade e na região, nem no sistema público nem no privado, por conta do número de infectados”, lembra o secretário.

Os pacientes que serão levados para esses pontos são pessoas no início da infecção, que estão começando a fazer uma insuficiência respiratória e que poderiam precisar de um leito de UTI no futuro. A intenção da Secretaria de Saúde é que o infectado use a medicação via oral nesse ponto de oxigênio na dosagem correta e consiga se recuperar antes de precisar de um leito.

Os pontos começam a serem abertos nesta quarta-feira (10) em fase de teste.

O secretário mais uma vez implora que a população evite aglomerações, use a máscara e fazem a higiene para evitar o contágio.