Cascavel – Depois de quase quatro meses, os presos da PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel) voltarão a ver suas famílias. Sob protesto dos agentes penitenciários, que alegam falta de efetivo e de segurança, as visitas serão retomadas, de acordo com o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná), mas de forma escalonada. As visitas haviam sido suspensas após a rebelião de novembro, quando os presos destruíram quase toda a penitenciária, que ainda não foi reformada.
Um cronograma foi estabelecido pelo Depen para não ocorrer tumulto. Serão liberadas duas galerias por dia e o horário será das 9h às 15h. Amanhã, primeiro dia de visitação, serão atendidas as galerias 1 e 3 do bloco 2. No sábado, serão as galerias 6 e 8 do bloco 1. E no domingo, as galerias 1 e 3 do bloco 1.
Na sexta-feira da próxima semana, dia 9, serão liberadas as galerias 2 e 4 do bloco 2. No dia seguinte, galerias 2 e 4 do bloco 1 e, no domingo, dia 11, serão liberadas as visitas para as galerias 5 e 7 do bloco 1.
Segundo o Depen, para reforçar a segurança no retorno, os procedimentos de banho de sol e de visitação serão acompanhados pela SOE (Seção de Operações Especiais).
O departamento também liberou a entrada com alguns alimentos, que poderão ser consumidos apenas no local de visitação: duas barras de chocolate de até 200 gramas cada uma, sem recheio; seis sanduíches de pão de 50 gramas, que podem ser com recheio de presunto, queijo e mortadela; dois litros de refrigerante em embalagem lacrada e frasco transparente; cinco copos descartáveis; quatro pacotes de bolacha de até 200 gramas cada um, sem recheios e coberturas; e duas mamadeiras com leite.
Risco grande
A grande preocupação é do resultado da volta das visitas, considerando a falta de estrutura da unidade. O departamento já confirmou que vai contratar empresas emergenciais para fazer o “grosso” da reforma. Porém, apesar da promessa, não há previsão de quando isso vai começar. Apenas reparos emergenciais foram feitos na unidade pelos presos da PIC (Penitenciária Industrial de Cascavel) e com poucos recursos.
Segundo o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), uma cela que cabem seis presos abriga o dobro. Falta efetivo para segurança. “Já não tinha efetivo antes da rebelião e, agora que a unidade foi toda destruída, não tem onde colocar os presos. Não foi melhorado o efetivo. Essa liberação de visitas é um risco muito grande a todos”, alerta a presidente do Sindicato, Petruska Niclevisk Sviercoski.
Uma reunião será realizada na tarde de hoje na Vara de Execuções Penais, no Fórum de Cascavel, para discutir o assunto. Sindarspen, diretoria da PEC, OAB, Vara de Execuções Penais e outras forças de segurança foram convidados a participar, a partir das 15h. “Fomos intimados para essa audiência, até por conta de algumas denúncias que fizemos da situação da PEC à Corregedoria dos Presídios. Avisamos ao Poder Judiciário e ao Depen que a unidade está em risco, mas eles insistem nas visitas”, ressalta Petruska.