Cotidiano

Municípios mantêm cautela e não falam em volta das aulas

Pela primeira vez, governador se diz otimista com retorno ainda em 2020

Municípios mantêm cautela e não falam em volta das aulas

Matelândia – Às vésperas da data da reabertura das escolas paranaenses, públicas e privadas, a rede municipal não parece disposta a retomar as aulas presenciais. A partir da próxima segunda-feira (19), todas as escolas do Paraná poderão receber novamente os alunos para atividades extracurriculares e aulas de reforço, autorizadas por decreto estadual. As aulas presenciais estão suspensas desde a metade de março.

Da rede estadual, estão autorizadas apenas 54, número que deve ser aumentado gradativamente, com expectativa de chegar a 1.800 até o fim deste mês. Na rede privada, a decisão é de cada escola, mas o sindicato vinha solicitando o retorno desde maio.

A reportagem do Jornal O Paraná consultou 12 cidades da região oeste sobre a reabertura das escolas e apenas Matelândia informou que organiza um possível retorno. “Estamos nos preparando para a volta, principalmente dos quintos anos. Tanto das aulas curriculares quanto extracurriculares” explica o prefeito Rineu Menoncin, que também preside a Amop (Associação dos municípios do Oeste do Paraná).

Questionado sobre a movimentação na região, ele lembrou que a decisão é de cada prefeito, mas lembrou que haverá despesas extras, uma vez que existem protocolos a serem seguidos e que é necessário gasto na compra de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e materiais de higiene, álcool em gel, tapetes sanitizantes, termômetros, entre outros.

Pais contrários

Algumas prefeituras resolveram ouvir os pais. Em Nova Santa Rosa, a comissão intersetorial responsável pela fase de retorno das aulas já discutiu o assunto e construiu o protocolo, só que mais de 80% dos pais preferem que seja mantido o ensino remoto ate o fim do ano, em vez do ensino híbrido proposto no protocolo.

O Município organizou um projeto de apoio escolar extra para atender as atividades extracurriculares, numa parceria com estagiários que atendem até três alunos, sempre observando todos os cuidados que precisam ser tomando.

Já em Foz do Iguaçu, a pesquisa mostrou que mais de 70% dos pais são contra a retomada das aulas sem vacina contra covid-19. Assim, para este ano, não há previsão de retorno. O Município mantém uma comissão de estudos, mas sem definição por enquanto, pois os casos e as mortes continuam com números diários altos.

Projeto-piloto

Em Cascavel, mais de 70% dos pais que responderam à pesquisa optaram pelo não retorno das aulas presenciais e o Município pretende fazer um teste com algumas escolas ainda neste ano, mas sem definições de quando e como. Já sobre as atividades extracurriculares, não há previsão de retorno devido aos números de casos e mortes que Cascavel continua registrando.

Toledo também informou que não deve retomar este ano as atividades presenciais, mas que busca possibilidades de iniciar em algumas escolas-pilotos.

Sem previsão

Maripá segue sem previsão para retorno e deve discutir internamente a volta das atividades extracurriculares, mas ainda sem definição. O mesmo ocorre em Guaíra, Medianeira, Assis Chateaubriand, Marechal Cândido Rondon e Santa Helena, que informaram não ter previsão nem mesmo planejamento para o retorno neste ano.

Transporte escolar e falta de produtos

A Prefeitura de Nova Aurora realizou licitação para a compra de produtos e equipamentos necessários para cumprir o protocolo sanitário exigido para o retorno das crianças às escolas, mas há um temor que nem todos os produtos sejam entregues a tempo.

Além disso, o custo elevado dos produtos gera preocupação, assim como a falta de profissionais nas escolas, uma vez que os servidores do grupo de risco não devem retornar ao presencial e novas contratações deveriam ser feitas.

Contudo, a maior dúvida do Município é em relação às adaptações no transporte escolar. Para levar todos os alunos até as escolas, seriam necessários mais ônibus e mais motoristas, o que também geraria maior custo.

Governador prevê a volta para este ano

Em entrevista à imprensa, o governador Ratinho Júnior considerou pela primeira vez a retomada das aulas presenciais em todo o Estado. “A curva de contágio vem caindo, temos pontualmente alguma região que ainda está acima da normalidade atual. Estamos conseguindo ter uma diminuição no contágio, isso é muito positivo e a ideia é fazer com que os alunos pudessem ter as aulas extracurriculares, tanto na pública quanto na privada e pudessem ter o reforço escolar. A partir do dia 19 isso vai ser normalizado e a cada 15 dias vamos analisando a necessidade de expandir ou não, conforme o contágio. A princípio, estamos muito otimistas com a possibilidade de fazer com que, se não a normalidade, mas o máximo possível da presença na escola dos alunos possa via a acontecer este ano”, afirmou.

Um dos entraves do Estado deve ser com os profissionais, pois a APP promete deflagrar greve se os professores forem obrigados a voltar para as escolas antes de haver vacina.

82% das prefeituras não querem voltar

Uma pesquisa da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) revela que 82% dos prefeitos que responderam não veem condições sanitárias para retomar as aulas presenciais na rede básica neste ano. Isso equivale a 3.275 dos 5.570 municípios brasileiros.

Apenas 677 prefeitos afirmaram ter condições de reabrir as instituições ainda neste ano, desde que haja indicação nesse sentido por parte de autoridades sanitárias e de saúde diante do menor contágio, ou ainda oferta de vacina que permita o retorno com segurança.

A Confederação também levantou a situação das escolas em 96 países. Segundo a entidade, 38 estão com as escolas abertas, 33 com as escolas parcialmente abertas e 25 permanecem com colégios fechados.