Mesmo com uma atuação mais forte do Banco Central por meio dos leilões de venda de dólares no mercado futuro (swaps cambiais), a moeda norte-americana está em alta. Às 12h40, o dólar estava cotado a R$ 3,625, com alta de 0,66%.
O professor de macroeconomia do Ibmec-RJ e economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, lembra que o dólar está em alta em todo o mundo por conta da expectativa de elevação mais rápida do que o previsto da taxa de juros dos Estados Unidos. A alta da taxa de juros americana atrai dinheiro para economias avançadas, provocando a fuga de capitais financeiros de países emergentes, como o Brasil. “Eventualmente os juros no ano que vem em torno de 3% já atrai o investidor estrangeiro para retornar”, disse.
Para Espírito Santo, a crise na Argentina acaba gerando efeitos para o Brasil também porque os investidores costumam avaliar todos os países emergentes como iguais: “a Argentina estressou nas últimas semanas por vários motivos e o dólar pressionou muito lá. E aí sempre existe aquilo de efeito contágio. Eu chamo de efeito tango.”
O economista destacou, entretanto, que o Brasil, diferentemente da Argentina, não vive crise em seu balanço de pagamentos. Ele lembrou que o déficit em transações correntes (compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do país com o mundo) do Brasil está baixo e é "financiável", com investimentos estrangeiros e empréstimos. “Temos uma questão fiscal em aberto. O país não fez o dever de casa, as reformas necessárias. Os investidores saem dos países que não fazem o dever de casa”, disse, referindo-se à reforma da Previdência.
Outro fator citado pelo economista é que muitos investidores estavam apostando na queda da moeda (posição vendida) e como começaram a ter prejuízos, agora estão zerando posições. Espírito Santo citou ainda as incertezas quanto ao cenário eleitoral deste ano. “Esse movimento não vai ter sustentação no médio prazo, a não ser uma questão política que referende isso mais a frente. Mas ainda está muito cedo”, disse.
Para o economista, ao reforçar os leilões, o BC está sinalizando que o atual patamar da moeda está alto: "o Banco Central está sinalizando que o preço está em patamar exagerado."
Na última sexta-feira (11), após o fechamento do mercado, o BC anunciou ajustes nos leilões de contratos de sawps cambiais, equivalentes à venda de dólares mercado futuro. O BC passou a fazer leilões com vencimento em junho e antecipou operações adicionais. Com os ajustes, hoje (14) o BC iniciou a oferta diária de rolagem integral de 4.225 contratos, com vencimento em junho. Além disso, o BC iniciou hoje (14) a oferta adicional de 5 mil novos contratos ao longo do mês e não apenas ao final como estava previsto.