Secretários estaduais temem que suspensão de aulas por conta da pandemia do novo coronavírus prejudique o preparo dos estudantes para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano. Em nota, pedem que as datas das provas do exame sejam definidas após o fim do ciclo da pandemia.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) publicou o edital do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no dia 31 de março. As datas de aplicação do exame impresso, nos dias 1º e 8 de novembro, e do digital, nos dias 11 e 18 de outubro, anunciadas no ano passado, foram mantida pela autarquia.
Em nota, o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), que reúne os secretários estaduais de educação todo o País, diz estar preocupado com os prejuízos causados aos estudantes pela suspensão das aulas em todo o País, pois nem todos os alunos têm igual acesso à internet e a recursos digitais.
De acordo com o Consed, a manutenção do calendário do Enem deverá ampliar as desigualdades entre os estudantes do ensino médio em todo o País para o acesso às instituições de ensino superior. “Mesmo considerando as soluções e as ferramentas que estão sendo implantadas nas redes privadas e públicas para minimizar as perdas do período de suspensão das aulas presenciais, elas não chegarão para todos os estudantes brasileiros, especialmente aos mais carentes”, dizem os secretários.
Nova Data
Os estova dataados pedem, então, que se aguarde o fim deste ciclo da pandemia e o retorno das aulas para que a data do Enem seja definida. Solicitam, ainda, a ampliação do prazo para as inscrições e a garantia da isenção da taxa de inscrição para todos os estudantes de escolas públicas, o que, de segundo os secretários, seria “uma verdadeira estratégia de apoio a esses alunos”.
As redes estaduais concentram cerca de 83% das matrículas do ensino médio de todo o País. Os dados são do Censo Escolar 2019.
Rede privada
Na rede privada, a situação é diferente. Para o presidente da Fenep (Federação Nacional das Escolas Particulares), Ademar Batista Pereira, os estudantes têm condições de se preparar até o Enem. Segundo ele, a prova avalia não apenas os conhecimentos do último ano do ensino médio, mas os estudos ao longo da vida.
“O estudante tem condições de fazer tranquilamente. Fazer uma boa prova está mais na capacidade desse jovem de estudar sozinho, de ler, aprender”, diz, e complementa: “Acho que eles têm condições. Têm todas as ferramentas hoje, tem o YouTube, tem a internet, com um pouco de orientação, o estudante tem condições de fazer o Enem”.
Maioria sem aulas
No Brasil, há suspensão de aulas em todos os estados para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida não é exclusiva do Brasil. No mundo, de acordo com os últimos dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que monitora os impactos da pandemia na educação, 188 países determinaram o fechamento de escolas e universidades, afetando 1,5 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 89,5% de todos os estudantes no mundo.