Policial

Sinclapol classifica delegado suspeito de duplo feminicídio como “cruel e calculista”

Sindicato dos Delegados pede para que não ocorra “excesso justiceiro”

Sinclapol classifica delegado suspeito de duplo feminicídio como “cruel e calculista”

O Sinclapol (Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná) emitiu na tarde desta quinta-feira (5) nota de pesar e repúdio contra o duplo feminicídio cometido contra a escrivã de polícia Maritza Guimarães de Souza, 41 anos, e a filha Ana Carolina de Souza, 16. O suspeito do crime é o delegado Eric Bussetti, preso em flagrante no fim da noite de quarta (4), após ter pedido a um vizinho chamar a polícia e dito que teria feito uma “baita besteira”.
Na nota, o presidente do Sinclapol, Kamil Samen, classifica o delegado como “algoz cruel e calculista” e promete acompanhar o processo para que haja uma justa punição.

O velório de mãe e da filha se dá na noite desta quinta e o enterro será na sexta-, em Piraí do Sul.

“Nossa irmã de armas e sua filha foram mortas com tamanha covardia e frieza que espanta qualquer ser humano. As verdadeiras vítimas foram ceifadas de suas vidas na madrugada de hoje e morreram abraçadas em sinal de misericórdia, diante de um algoz cruel e calculista. Um homem que pela profissão que exerce, Delegado de Polícia, deveria proteger a sociedade. Mas em contrapartida, assassina brutalmente duas mulheres indefesas”, diz a nota, assinada por Salmen. E segue: “Na semana que comemoramos o Dia Internacional da Mulher nos deparamos com a realidade de muitas mulheres. Até quando a brutalidade contra a mulher será tolerada? Isso não pode mais ser suportado”.

DELEGADOS
Já o Sidepol (Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná) emitiu nota dizendo que não repudia qualquer ato de violência contra a mulher, mas pede que não ocorra “excesso justiceiro” pelo fato de o suspeito ser um delegado de polícia.

Veja a íntegra da nota do Sidepol
O Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná vem a público se manifestar nos seguintes termos. A classe dos Delegados de Polícia do Paraná repudia veementemente qualquer ato de violência doméstica e familiar contra a mulher, seja lá quem for o agressor. O Brasil ostenta índices alarmantes de feminicídio, e a Polícia Civil possui a firme intenção de apurar todas essas infrações penais e possibilitar a punição dos criminosos. Acerca do lamentável caso, em apuração, envolvendo a morte de uma escrivã de polícia e sua filha por um delegado de polícia em Curitiba, trata-se de fato isolado, conduta que, evidentemente não possui apoio da classe dos Delegados de Polícia do Paraná. Ao ensejo, o SIDEPOL manifesta preocupação com o amparo dos familiares atingidos com esse ato bárbaro. De outro lado, não se pode negar respeito ao princípio da presunção de inocência e ao direito à integridade moral do suspeito, que merece ser investigado com rigor e cumprir a sanção penal eventualmente imposta ao final do devido processo legal, sem excesso justiceiro pelo único fato de ser delegado de polícia. Por fim, esta entidade de classe declara sua preocupação com a saúde mental de todos os policiais civis do Paraná, submetidos a pressão insuportável no exercício do dever. A epidemia de doenças de ordem mental, que não constitui salvo conduto para a prática de crimes, deve ser devidamente combatida por meio da completa assistência psicológica e psiquiátrica a todos os policiais que dela necessitem.

Curitiba/PR, 05 de março de 2020

original assinado Antônio Simião Presidente do SIDEPOL