Opinião

Até 2050, Brasil deve se tornar um país idoso

Opinião de Cristiano Caveião e Fabiana da Silva Prestes

Em 2030, o número de idosos no Brasil deve ultrapassar o número de crianças, aponta o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Atualmente, esse número representa 14,03% da população, o que equivale a 29,3 milhões de pessoas. A pirâmide etária brasileira vem sofrendo alterações ao longo dos anos e já estamos presenciando a inversão dessa pirâmide etária e a mudança no perfil demográfico de nosso país.

A pirâmide com uma base composta por crianças e adolescentes e um topo de idosos significava a predominância jovem. Nos dias atuais, vivemos uma fase de transição e modificação dessa realidade. Em 1980 éramos classificados como um país jovem e atualmente somos caracterizados como um país adulto em transição para nos tornarmos um país idoso até o ano de 2050.

Esse é um fenômeno mundial ocasionado pela queda nas taxas de natalidade e mortalidade. Mas o que isso significa? Que o número de nascimentos está reduzindo e a expectativa de vida aumentando em decorrência dos avanços tecnológicos na medicina.

Com os avanços na área da saúde e bem-estar, conseguimos entender cada vez mais como funciona o organismo humano e como prevenir, tratar, retardar e curar uma série de doenças e males em geral, o que antes não era possível.

Mas o importante não é só viver mais, mas viver mais e bem, ter qualidade de vida. E já que estamos falando em envelhecimento populacional e qualidade vida, nos aproximamos da área da gerontologia. Mas afinal, o que é a gerontologia e o que ela trata?

A gerontologia é a ciência que estuda o processo do envelhecimento humano, nos aspectos psicológicos, biológicos, sociais entre outros. É uma área dedicada às questões multidimensionais do envelhecimento e da velhice, de natureza multi e interdisciplinar, visando à prevenção de doenças, à promoção da saúde e à qualidade de vida da população idosa, além de atuar também na preparação do adulto jovem para um envelhecimento saudável.

Podemos dizer então que ela envolve o desenvolvimento de meios para garantir a qualidade de vida, considerando as alterações sofridas pelas pessoas com relação às adaptações e cuidados que se fazem necessários neste período da vida. Ao mesmo tempo, também estuda e busca soluções na vida e no cotidiano das pessoas para promover o bem-estar na terceira idade, com informações científicas da saúde do idoso, sempre considerando os princípios e valores éticos.

A gerontologia é uma área que vem crescendo e tomando força nessa luta pelo envelhecimento saudável e qualidade de vida. É importante destacar que a gerontologia é diferente da geriatria, a área médica voltada ao estudo e o tratamento de doenças inerentes à velhice.

Com relação à prevenção, a gerontologia visa intervenções que possam antecipar os problemas mais comuns que podem afetar os idosos, atuando na prestação de orientações a respeito das condições mais adequadas para um envelhecimento saudável e com qualidade. Na ambientação, ela orienta a criação de condições ambientais adequadas nos variados espaços onde circulam as pessoas idosas. Na reabilitação, propõe intervenções quanto a perdas que são reversíveis e, para as que são irreversíveis, a intervenção vem de maneira a evitar a progressão da condição indesejada e dos males já instalados. Nos cuidados paliativos, propõe intervenções quanto aos cuidados em relação às doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo também a atenção aos familiares, para propor o maior bem-estar possível e dignidade do idoso até a sua morte.

A gerontologia envolve todo o contexto em que o idoso está inserido, desde questões relacionadas à saúde física e emocional, a questões relacionadas às políticas publicas, direitos dos idosos, inclusão e reinserção social, educação comunitária, ensino e pesquisa.

Cristiano Caveião e Fabiana da Silva Prestes são, respectivamente, coordenador e professora do Curso de Tecnologia em Gerontologia – Cuidado ao Idoso do Centro Universitário Internacional Uninter