Curitiba – O reajuste médio de 15,99% nas tarifas da Copel, autorizado na terça-feira (19) pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e que passa a ser aplicado a partir deste domingo (24), vai causar novo impacto nas planilhas de custos das indústrias paranaenses.
Levantamento realizado pela Fiep (Federação das Indústrias do Paraná) aponta que, para setores com intenso uso de energia em seus processos produtivos, as despesas com esse insumo passarão a consumir quase 10% do faturamento das empresas. Na média, a indústria de transformação terá que destinar 3,05% de sua receita para pagar a conta, um aumento de 0,42 ponto percentual em relação ao que paga atualmente.
Segundo o levantamento, os setores mais impactados com o novo reajuste são os de metalurgia, que passará a utilizar 9,73% de seu faturamento para cobrir as despesas com energia, contra os 8,39% atuais; e o de fabricação de produtos de madeira, passando de 8,19% para 9,5% das receitas. Em seguida, entre os segmentos que terão maiores fatias do faturamento comprometidas com o reajuste aparecem os de fabricação de produtos de minerais não metálicos (saltando de 7,36% para 8,53%) e de produtos têxteis (de 7,07% para 8,2%).
O presidente do Sistema Fiep, Cláudio Petrycoski, afirma que o valor elevado das tarifas de energia no País é um dos fatores que comprometem a competitividade da indústria brasileira. “O Brasil tem uma das energias mais caras do mundo para o setor industrial, desestimulando investimentos especialmente de empresas que dependem fortemente desse insumo em seus processos produtivos”, explica. “Esse novo reajuste vai causar ainda mais problemas para a indústria paranaense, que ainda luta para superar os efeitos da crise dos últimos anos e que sofreu forte impacto com a paralisação das atividades por dez dias, no mês passado, devido à greve dos caminhoneiros”, acrescenta Petrycoski.
Soluções
Para a Fiep, uma das formas para diminuir o impacto da energia elétrica sobre as planilhas de custos das empresas é reduzir a carga tributária que incide sobre as tarifas. Atualmente, os impostos respondem por mais de 30% do preço desse insumo. A maior parte é coletada pelos governos estaduais por meio do ICMS.
“As tarifas subiram acima da inflação nos últimos anos, mas não houve redução nas alíquotas dos impostos que incidem sobre a conta. Ou seja, a cada novo reajuste os governos passam a arrecadar cada vez mais e não abrem mão dessa receita extra”, afirma Petrycoski. “Infelizmente, a energia a um preço justo não é vista como política para atração de investimento produtivo e estratégia de desenvolvimento, como acontece em outros países. Isso certamente se reverteria em mais produção, empregos e renda, resultando também em mais arrecadação para os cofres públicos”.
Além disso, a Fiep considera essencial reduzir a quantidade de subsídios concedidos para determinados consumidores, que acabam sendo bancados pelos demais usuários do sistema elétrico e representam 20% da composição das tarifas. Defende também um maior estímulo à geração distribuída de energia, tanto pela liberação de projetos de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) quanto pelo incentivo à implantação de fontes alternativas, como solar, eólica e biomassa, entre outras.