Saúde

Calor voltou; você sabe o que é o melanoma?

Com relação ao câncer de pele não melanoma, estimam-se 85.170 casos novos de câncer de pele entre homens e 80.410 nas mulheres em 2018

Calor voltou; você sabe o que é o melanoma?

Melanoma é o tipo de câncer de pele com o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), apesar de não ser o mais frequente câncer de pele, em 2018 foram estimados 2.920 casos novos em homens e 3.340 casos novos em mulheres. Com relação ao câncer de pele não melanoma, estimam-se 85.170 casos novos de câncer de pele entre homens e 80.410 nas mulheres em 2018. É por isso que você deve ficar atento aos sinais que aparecem no seu corpo.

Melanoma é o câncer oriundo dos melanócitos, que são as células responsáveis pela produção de melanina, que dá cor à pele e olhos por exemplo. Assim, pode ocorrer melanoma na pele, nos olhos e nas mucosas, como do aparelho respiratório, digestivo ou reprodutor; sendo que 91,2% dos casos de melanoma acomete a pele. Por sua vez, apenas 5% dos cânceres de pele são melanomas e apresentam potencial metastático, ou seja, podem se espalhar para linfonodos ou para outros órgãos.

Uma pintinha pode esconder um câncer?

O melanoma geralmente é enegrecido, mas pode ser amelanótico também, ou seja, da cor da pele, o que geralmente retarda o diagnóstico. Logo, o principal sinal de alerta que leva o paciente a procurar um médico deve ser mudança no padrão da “pintinha”, ou seja, se houve crescimento, mudança de cor, começou a coçar ou sangrar. Mas para o médico há os cinco sinais de alerta conhecidos como ABCDE.

A – Assimetria, quando se divide a lesão em 4 partes e cada uma delas é diferente.

B- Bordas, o contorno da lesão é todo irregular.

C- Cor, múltiplas cores que variam do cinza, marrom, azul, preto e branco.

D- Dimensão, maior do que 5-6 milímetros.

E- Evolução, lesão que está crescendo ou mudando de alguma forma.

Contudo, não é necessário preencher os cinco critérios para suspeitar de melanoma, desde que apenas um deles esteja presente, geralmente o E, o paciente já deve ser encaminhado ao especialista, seja dermatologista ou oncologista.

Os melanomas começam já como melanoma, mas 20% dos casos podem começar a partir de pequenas manchas marrons na pele salientes ou não, conhecidas como pintas.

Principais sintomas

Os melanomas cutâneos são lesões com histórico de crescimento local e, com o tempo, podem evoluir com nódulos subcutâneos (embaixo da pele) próximos a esta lesão inicial, linfonodos aumentados (as famosas ínguas) e, por fim, metástase para outros órgãos como o fígado, pulmão, ossos e sistema nervoso central.

Como prevenir

Segundo a especialista Mariana Tais Ferreira Moreira, a principal forma de prevenção de câncer de pele é evitar a exposição solar especialmente das 10h às 16h. “É indicado usar barreiras físicas [chapéu, boné, calças compridas e camisas de manga longa com tecidos grossos, óculos de sol e até guarda-chuva] e protetor solar [aplicar em toda a pele exposta 30 minutos antes da exposição solar, na dose de uma colher de chá para cada região no tamanho de uma palma e reaplicar a cada 2 horas se em ambiente aberto ou a cada 4 horas se em ambiente fechado]”.

Grupos de risco

Lembrando que os grupos de risco são pessoas de pele e olhos claros, com exposição solar importante (geralmente exposição intermitente e em altas doses, os famosos torrões), história de bronzeamento artificial ou de melanoma prévio, seja do próprio paciente ou em membros da família próximos.

Quais os tipos de tratamento?

A lesão inicial, caso suspeita, deve ser submetida à biópsia, geralmente com a ressecção de toda a lesão ou, ao menos, da área mais suspeita. Após a confirmação do diagnóstico, exames, como tomografias, podem ser necessários para saber o “quão avançado é a doença”.

A seguir, pode ser necessária outra cirurgia para reduzir o risco de recidiva local (voltar a doença no local onde começou) com a ampliação de margens e pesquisa do linfonodo sentinela (quando retiramos apenas 1 linfonodo/ íngua que receberia a doença), este para descartar a hipótese de disseminação da doença. Se houver doença nos linfonodos ou em outros órgãos, será necessária quimioterapia, hoje também contamos com a imunoterapia, técnica na qual estimulamos o sistema imune do paciente para ele reconhecer o tumor e atacá-lo, e a terapia-alvo, quando o tratamento ataca uma característica que só as células do tumor possuem. Já a radioterapia pode ser utilizada como um complemento no local onde começou a doença se houver alto risco de recidiva, nos linfonodos ou ínguas pelo mesmo motivo, e nos casos de metástases ósseas ou em sistema nervoso central.

Segundo melanoma primário aumenta o risco de morte

O melanoma é uma das formas de câncer que mais rapidamente aumenta em todo o mundo e é responsável pela maioria das mortes relacionadas ao câncer de pele. A sobrevida global para pacientes com múltiplos melanomas primários (sem evidências clínicas de metástase) foi 31% pior em comparação com aqueles com um único melanoma primário, de acordo com um estudo retrospectivo da Holanda.

Analisando dados de cerca de 57 mil pacientes dos registros de câncer do País, descobriu-se que em 36,8% dos casos o segundo melanoma foi encontrado no primeiro ano de um diagnóstico inicial, enquanto 27,3% foram encontrados após cinco anos de acompanhamento. “As descobertas sugerem que as atuais estratégias de acompanhamento do melanoma precisam ser reconsideradas para pacientes com múltiplos melanomas primários”, afirma a dermatologista Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia.

O estudo retrospectivo da University Medical Center Utrecht, da Holanda, e publicado no JAMA Dermatology em junho deste ano, analisou adultos com melanoma cutâneo primário invasivo diagnosticado na Holanda entre 2000 e 2014, com um acompanhamento médio de 75,1 meses. “Como os pacientes com múltiplos melanomas primários tiveram pior sobrevida do que os pacientes com um único melanoma primário na análise multivariável, acredita-se que um paciente, uma vez comprovadamente desenvolvido um segundo melanoma, pode se beneficiar de uma vigilância mais completa”, afirma a médica. “O segundo melanoma pode ocorrer em qualquer parte do corpo e pode se desenvolver em uma parte completamente diferente do corpo desde o primeiro melanoma”, diz a médica, observando que, se encontrado cedo, é completamente curável.

Outro achado

Além do achado de aumento do risco de morte entre aqueles com mais de um melanoma, outro achado importante foi que os melanomas adicionais eram geralmente mais finos que o melanoma original. “Os melanomas mais finos são menos propensos a se espalhar para outras partes do corpo do que os melanomas mais grossos, por isso é importante encontrar melanomas precocemente, quando eles estão mais finos quanto possível”, diz a médica. “Esse artigo nos lembra da importância de exames regulares de pele para pacientes que tiveram melanoma”.

Embora o diagnóstico de melanoma normalmente traga medo e apreensão aos pacientes, as chances de cura são de mais de 90%, quando há detecção precoce da doença, segundo a SBD. “Por isso, a realização do autoexame dermatológico é necessária”, explica Claudia Marçal.

Autoexame

Examine seu rosto, principalmente o nariz, lábios, boca e orelhas.

Para facilitar o exame do couro cabeludo, separe os fios com um pente ou use o secador para melhor visibilidade. Se houver necessidade, peça ajuda a alguém.

Preste atenção nas mãos, também entre os dedos.

Levante os braços, para olhar as axilas, antebraços, cotovelos, virando dos dois lados, com a ajuda de um espelho de alta qualidade.

Foque no pescoço, peito e tórax. As mulheres também devem levantar os seios para prestar atenção aos sinais onde fica o sutiã. Olhe também a nuca e por trás das orelhas.

De costas para um espelho de corpo inteiro, use outro para olhar com atenção os ombros, as costas, nádegas e pernas.

Sentada(o), olhe a parte interna das coxas, bem como a área genital.

Na mesma posição, olhe os tornozelos, o espaço entre os dedos, bem como a sola dos pés.