Policial

Comitiva paraguaia visita unidade para construir presídio idêntico no país vizinho

A visita também seria um desdobramento da proposta de trabalho integrado contra o tráfico de drogas estabelecido entre os dois países em junho passado

Comitiva paraguaia visita unidade para construir presídio idêntico no país vizinho

Reportagem: Juliet Manfrin

Catanduvas – O ministro da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, vem com uma comitiva ao Brasil nesta quinta-feira (4) e sua visita está programada para a região oeste do Paraná.

O ministro tem encontro agendado no Presídio Federal de Segurança Máxima em Catanduvas e quem deverá recepcioná-lo é o diretor-geral do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), Fabiano Bordignon, e outras autoridades da segurança pública. Sua estada aqui tem uma explicação específica.

Considerado modelo no sistema prisional brasileiro e na América do Sul, o presídio em Catanduvas, inaugurado em 2003, não tem histórico de rebeliões nem tentativas de motins. Nunca foram pegos celulares no presídio e não há registro de fugas.

Acomodando os principais líderes de facções criminosas brasileiras, a estrutura serviu como base e piloto para a implantação dos outros quatro presídios federais pelo Brasil.

A visita também seria um desdobramento da proposta de trabalho integrado contra o tráfico de drogas estabelecido entre os dois países em junho passado.

Lado vizinho

Com uma política voltada ao endurecimento de penas e tentando isolar líderes criminosos que atuam no país vizinho, o governo paraguaio está focado em construir uma unidade idêntica. Com centenas de brasileiros presos por todo o território paraguaio, o foco da nova unidade também será o de isolar líderes criminosos brasileiros, sobretudo ligados a facções e organizações criminosas.

Ainda não há previsão de quando o projeto sairá do papel, mas a informação obtida pela reportagem é de que seria o mais breve possível.

A proposta também é estreitar laços com as forças de segurança brasileiras no enfrentamento ao crime organizado. O Paraguai é a principal rota para a entrada de drogas no Brasil. A cocaína vinda da América do Sul passa pelo Paraguai antes de entrar no Brasil. A maconha, por sua vez, é produzida no país vizinho e depois de processada segue quase que na sua totalidade para o lado de cá.

A fronteira é um campo ocupado pelas facções criminosas com o aumento do tráfico de armas e munições que abastece o crime organizado por todo o território brasileiro. Não por acaso, a cada ano grupos como PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando vermelho) fortalecem seus tentáculos na fronteira, dos dois lados, facilitando assim todo o modo de operação criminosa entre os dois países.

O contrabando também é um caminho amplamente explorado por essas facções, sobretudo de cigarro. Como forma de capitalização rápida e com ares menos nocivo do que o tráfico, esses grupos apostam cada vez mais pesado na entrada ilegal de cigarros para abastecer o mercado brasileiro.