Saúde

Transplante de medula óssea: Semana mobiliza e incentiva cadastro e doação

Transplante de medula óssea: Semana mobiliza e incentiva cadastro e doação

O transplante de medula óssea é um tratamento indicado para pacientes com doenças de sangue como leucemia, linfomas e ainda alguns tipos de anemia. De 14 a 21 de dezembro é celebrada a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, mas há ainda muitos mitos que são facilmente relacionados ao assunto e que atrapalham novos cadastros no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), o banco de dados de possíveis doadores.

Com mais de 5 milhões e 600 mil doadores cadastrados, o Redome é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo. Hoje, há em média 650 pacientes no país em busca de um doador que não seja da família, mas que tenha compatibilidade. Em Cascavel, o cadastro pode ser feito diretamente no Hemocentro, que fica em anexo ao Huop (Hospital Universitário do Oeste do Paraná).

No momento do cadastro o doador faz a coleta de uma amostra de sangue para exame de Histocompatibilidade, teste que estuda as características genéticas do voluntário cadastrado. Após as análises, esse resultado é inserido no banco de dados do Redome. As informações são cruzadas com o Registro Nacional de Receptores de Medula Óssea, para pesquisa de compatibilidade entre doador e receptor.

A doação

O diretor técnico do Policlínica Hospital de Cascavel, o médico Ricardo Silveira Yamaguchi, explica o que a medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por ‘tutano’, responsável pela produção das células do sangue. Algumas doenças, como os linfomas e a leucemia, afetam as células do sangue, prejudicando o funcionamento da medula óssea e colocando vidas em risco. Segundo ele, é quando o transplante de medula se torna necessário e os doadores são fundamentais. O transplante de medula consiste em substituir a medula óssea doente por células de medula óssea retiradas de um doador compatível e sem doença.

Formas de doação

Após todo o processo necessário para verificação de compatibilidade entre o paciente e doador, a doação propriamente dita pode ser realizada e a forma em que ela ocorre depende da avaliação médica. O médico detalha que existem três fontes para doação das células da medula, a depender da avaliação médica. A primeira é a própria medula óssea. Por meio de um procedimento cirúrgico sob anestesia, são feitas punções no osso da bacia para aspirar as células da medula óssea. O procedimento tem duração de aproximadamente duas horas e o doador fica internado por um dia no hospital.

Outra possibilidade é o sangue periférico. O doador recebe uma medicação injetável durante cinco dias para aumentar o número de células-tronco no sangue. Com o auxílio de uma máquina de aférese, o sangue é coletado, as células-tronco são separadas e os elementos do sangue que não são necessários para a doação são devolvidos ao sangue do doador. Este tipo de procedimento tem duração de cerca de duas a três horas e não requer anestesia, porém nem sempre é possível ser utilizado. Por fim, elas podem ser extraídas do cordão umbilical. O sangue é coletado do cordão umbilical logo após o parto e nenhum procedimento na mãe ou no recém-nascido é necessário.

Mitos sobre a doação

Mesmo com os projetos que têm o objetivo de levar a informação correta à população, ainda há informações equivocadas relacionadas à doação da medula, que são espalhadas como verdadeiras, e acabam por criar receio em possíveis doadores. O primeiro deles é que a doação pode ser feita apenas uma vez.

Outro mito que circunda o tema é sobre a regeneração da medula óssea ser um processo lento e muitas vezes doloroso, mas a quantidade de medula óssea doada é rapidamente reposta pelo organismo de modo que não ocorre esgotamento de sua reserva de células-tronco. Esse processo ocorre de forma natural, não requer nenhuma medicação ou observação.

Existe ainda o mito de que qualquer pessoa pode fazer a doação da medula, porém há uma série de restrições. Para ser doador a pessoa precisa ter idade entre 18 e 55 anos e estar em bom estado geral de saúde, sem doenças infecciosas ou incapacitantes, algum tipo de câncer ou doença imunológica.

Salve vidas

O número de pessoas que podem precisar de transplante de medula óssea é significativo e quando este momento chega, encontrar um doador compatível pode representar uma nova chance de continuar vivo, em média, de uma em cem mil. Quando um paciente necessita de transplante e não possui um doador na família, esse cadastro é consultado. Se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer a doação. “Para o doador, a doação será apenas um incômodo passageiro. Para o doente, será a diferença entre a vida e a morte”, finaliza.

Foto: AEN