Reportagem: Cláudia Neis
Foz do Iguaçu – Policiais penais de diversas penitenciárias do Paraná denunciam a falta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e de orientação em relação ao contágio do novo coronavírus, redução de equipes e falta de medidas internas que garantam a segurança dos profissionais que atuam nas unidades.
Em Foz do Iguaçu, um servidor ouvido pelo Jornal O Paraná, que pediu para ter a identidade preservada, afirmou que “não há EPIs para todos… falta álcool em gel e a desinfecção por hipoclorito não ocorre no período que alegam que fazem”.
Outro policial penal da Penitenciária Estadual II de Foz do Iguaçu (PEFII) relatou ao Sindarspen (Sindicato dos Policiais Penais do Paraná) que não tem sido possível usar as máscaras recebidas: “Recebemos as máscaras feitas por presos, mas elas vieram em tamanho pequeno”.
Ainda em Foz, o sindicato também recebeu denúncias da Cadeia Publica Laudemir Neves, onde funcionários de uma empresa terceirizada continuam realizando trabalhos de reforma em um dos pátios de sol da unidade. Os trabalhadores entram e saem com frequência da unidade, havendo em contato frequente com presos.
Em Maringá, a situação é ainda mais complicada. “Há falta de álcool em gel, tem sabão, mas não tem papel toalha. Ficamos com as mãos molhadas ou as secamos na própria roupa”, relata um policial penal da Penitenciária Estadual de Maringá.
Ele reconhece a boa intenção na produção de máscaras pelos presos, mas diz que elas não são adequadas para uso. “É uma piada. Não protege e não são higienizadas.”
Diante desses relatos, o presidente do Sindicato, Ricardo Carvalho Miranda, afirma que tanto o Depen (Departamento Penitenciário do Paraná) quanto a Sesp (Secretaria de Estado de Segurança Pública) já foram oficiados, mas que não houve posicionamento. “Nós estamos notificando já há algum tempo os dois órgãos sobre o problema. Nossas unidades já são insalubres, muita gente aglomerada e o risco de disseminação da doença é muito grande. Nossa preocupação é com a proteção dos policiais penais. O que queremos evitar é que se contaminem e que mortes ocorram, como já foi registrado em uma penitenciária de São Paulo. Precisamos evitar que a doença chegue às unidades”, ressaltou o presidente.
Ricardo informa que existem 27 policiais com suspeita da doença afastados e que, quanto mais afastamentos ocorrem, mais servidores se sobrecarregam e ficam ainda mais suscetíveis à doença e à falta de segurança nas unidades.
Diante da urgência e da gravidade da situação relatada pelos servidores, o sindicato também acionou o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, para que auxiliem na resolução da situação.
Movimentação de presos
De acordo com o Sindarspen, existe também o desrespeito ao decreto estadual que suspende a movimentação de presos, isso porque a atividade ainda permanece em muitas unidades penais e sem triagem para o coronavírus. “O nosso maior problema é o recebimento de presos vindos de delegacias sem qualquer orientação para os servidores e sem triagem também”, conta um policial penal da Casa de Custódia de Maringá.
Na Casa de Custódia de Piraquara, outro policial penal também relatou a irregularidade: “Só hoje chegaram 100 presos. Além disso, a ordem foi que fizéssemos mudanças nas celas, o que acaba causando aglomeração.”
Outro policial penal destaca que a triagem da enfermagem não vem sendo feita. “Não tem sido feita a triagem da enfermagem e, em média, 50 presos são recebidos na semana e ficam cerca de 20 deles no mesmo ambiente quando chegam.”
Depen X Sesp
A reportagem procurou a Sesp sobre as denúncias, que afirmou que o Depen é que responderia pela situação. Já o Departamento não retornou o questionamento até o fechamento da edição.