O uso de óculos de grau é 35% maior na população feminina de acordo com o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a maior concentração de tarefas próximas como a costura, o artesanato e até as horas contínuas usando telas digitais são fatores que facilitam o desenvolvimento da miopia na população feminina. Isso porque, explica, o prolongado esforço visual para perto pode encurtar os músculos ciliares que regulam o foco visual nas várias distâncias e levar à diminuição da visão de longe, que caracteriza a miopia.
“Os olhos das mulheres também estão expostos aos componentes de maquiagens e cosméticos que podem facilitam o desenvolvimento do astigmatismo”, afirma. O astigmatismo é uma deformação na córnea, lente externa do olho, que pode estar relacionada à alergia e ao hábito de coçar os olhos desencadeado por esses produtos.
Tanto a miopia como o astigmatismo podem ser corrigidos com óculos de grau ou lente de contato. O problema é que uma enquete realizada pelo médico com 814 pacientes portadores de vícios refrativos mostra que 33% gostariam de se livrar dos óculos. A boa notícia é que a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia, inclusive em graus altos, podem ser corrigidos pela cirurgia refrativa.
Como funciona
Queiroz Neto afirma que, com exceção dos implantes para correção de altos vícios refrativos, em toda cirurgia refrativa é usado um Excimer laser que emite luz fria para moldar a córnea. É essa modelagem que faz a luz ser focada em um único ponto sobre a retina e torna a visão nítida.
No Lasik, explica, o cirurgião faz um corte manual na camada externa da córnea, aplica o laser na camada intermediária para modelar a visão e recoloca a lamela recortada no mesmo lugar.
No Intralase a cirurgia é inteiramente feita a laser, do corte da lamela à remodelagem da córnea. É mais segura e previsível porque o corte a laser evita as imprecisões causadas pelo tremor natural da mão do cirurgião. A técnica permite economizar até 20% de tecido da córnea. Por isso, pode ser feita em córneas mais finas.
No PRK, o especialista afirma que não há corte. O laser faz uma raspagem na superfície da córnea que modela a visão. A recuperação da cirurgia é mais lenta e dolorida. A vantagem é que pode ser feita em córneas mais finas, mas corrige até 4 graus de miopia.
A escolha entre uma técnica ou outra depende das características de cada olho. O Lasik, ressalta, pode corrigir graus mais elevados do que o PRK, mas só é indicado para córnea mais espessa.
O implante de lente para corrigir altos vícios de refração é a única técnica reversível, já que a lente pode ser retirada. O oftalmologista diz que a lente implantada entre a íris e o cristalino pode corrigir até 20 graus de miopia, 10 de hipermetropia e 6 de astigmatismo.
Contraindicações
O oftalmologista Queiroz Neto afirma que toda pessoa que passa pela cirurgia refrativa fica com olho seco temporário por até 90 dias, período em que é indicado o uso de colírio lubrificante. Uma dúvida comum é se o grau volta. “Os novos lasers são mais precisos, corrigem inclusive pequenas imperfeições que interferem na visão, e isso dificulta a volta do grau”, salienta.
As principais contraindicações da refrativa elencadas pelo oftalmologista são: olho seco severo; córnea fina; gravidez ou amamentação; doenças na córnea, retina ou glaucoma; menos de 21 anos; instabilidade no grau há menos de um ano; doenças autoimunes; dificuldade de cicatrização; tratar acne com isotretiona.
Segundo o especialista. diversas pesquisas mostram que 98% dos que operam ficam satisfeitos, mas estar livre dessas contraindicações é essencial para ter uma cirurgia bem-sucedida, conclui.